Só faltou o presidente da CEA, Gary Shapiro, repetir as palavras já célebres do rei da Espanha, Juan Carlos, diante do ditador Hugo Chavez. Shapiro estava comentando, em seu blog, uma entrevista “informal” em que o presidente Obama disse, semanas atrás, que as empresas que estão recebendo ajuda financeira do governo não deveriam participar de encontros e convenções em Las Vegas!!!
Obama só podia estar brincando. Quis insinuar – e, convenhamos, foi infeliz na insinuação – que quem vai a Las Vegas não está a fim de reunião nenhuma, muito menos tratar de negócios. Afinal, Vegas é conhecida, faz tempo, como “a cidade do pecado”. Shapiro, como dono da CES, hoje a maior feira dos EUA, não só repeliu a insinuação como criticou asperamente a política do novo governo americano para o setor de feiras e convenções – que, diz ele, emprega pelo menos 15 milhões de pessoas no país.
“É duro comparar a postura do governo americano com a de nossos concorrentes internacionais”, diz ele. “Executivos americanos são recebidos de braços abertos quando vão fazer negócios em outros países, mas aqui cria-se uma série de burocracias para impedir a vinda de estrangeiros. Parece que somos inimigos de todo mundo”.
Indignado, o presidente da CEA vai além, citando expressamente a IFA – hoje a maior concorrente da CES -, onde todo ano a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, faz questão de aparecer para abrir o evento oficialmente. Jamais um presidente americano compareceu à CES. “Hotéis, centros de convenção, companhias aéreas e os milhões de trabalhadores do setor de turismo de negócios nos EUA estão enfrentando uma dura crise. É preciso que nosso presidente compreenda isso e reconheça que o setor é vital, não apenas para Las Vegas, mas para toda a economia americana”, conclui Shapiro.
Belo pito! É o que acontece quando se diz coisas sem pensar – no caso de um presidente, um erro imperdoável. Agora, fico aqui imaginando: você conhece algum executivo brasileiro que teria coragem de dizer algo semelhante ao nosso presidente? Motivos não faltam. Falta, mesmo, é vergonha!
