Inscrição pichada num muro da capital paulista:

“Não compre jornais. Minta você mesmo”.

A pichação é da década de 70, mas como se vê continua absolutamente atual. Mais: poderia ser ampliada para outras mídias além do jornal: TV, rádio, web e suas infinitas derivações. Como alguém já disse, mentir é parte do ser humano. Outros animais no máximo disfarçam seus sentimentos, por instinto de sobrevivência. O homem, não: mente para enganar, mente até por prazer, mesmo que sua sobrevivência não dependa da mentira.

A História do Brasil está repleta de exemplos, talvez mais do que a própria História do Mundo, a julgar pelo que já se publicou a respeito. Hitler, que muitos consideram o maior mentiroso de todos os tempos, era um lunático que realmente se achava predestinado a mudar e dominar o mundo. Como se sabe, ele e os milhões de alemães que acreditaram nisso pagaram caro. Bush, ao invadir o Iraque, mentiu dizendo que lá havia armas químicas. Não pagou como Hitler, mas saiu desmoralizado. Duvido que, ao contrário de outros ex-presidentes, seja convidado para dar uma palestra que seja. No Japão, ministros apanhados em flagrante mentira costumam renunciar envergonhados, chorando diante das câmeras de TV, ou até mesmo se suicidando.

Mas no Brasil a mentira tem caráter atávico. Saber mentir é considerado um “talento”, como provam todo dia nossos políticos, artistas, técnicos e jogadores de futebol, empresários, intelectuais. É o tal do herói sem caráter, tão bem definido por Mario de Andrade. Confunde-se “inteligência” com “esperteza”, e a maioria aplaude – pior, gosta tanto que quase sempre acaba reelegendo e dando altos índices de popularidade aos melhores mentirosos. Dizer a verdade e ser honesto passou a ser sinônimo de fraqueza e idiotice.

Proponho que o 1o de abril seja declarado feriado nacional.

1 thought on “Feriado nacional!

  1. Parabéns, Orlando. Ótimo texto, atual e correto. Apenas lamento ter de concordar com o conteúdo. Realmente, nossos valores realmente precisam ser revistos, sob pena de colocarmos a perder toda uma nova geração de brasileiros. Só não podemos desistir da única coisa que ainda nos resta: indignação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *