livrariaculturaA propósito do que comentei aqui sobre CDs, li na semana passada uma entrevista com Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, hoje uma rede com oito lojas em cinco cidades. A mãe de Pedro, fugindo da Alemanha nazista, veio parar em São Paulo, onde decidiu montar, nos anos 40, um inédito serviço de locação de livros. Arrumava as centenas de livros que tinha numa sala de sua casa e chamava os vizinhos para emprestá-los, fazendo disso um pequeno negócio. Que depois se transformou na livraria mais tradicional da cidade. Cerca de dez anos atrás, seu filho Pedro – agora responsável pelo negócio – decidiu ampliar os horizontes e foi aos poucos abrindo filiais. A Cultura foi a primeira megastore de livros dentro de um shopping; claro que adicionou então CDs e depois DVDs, tornando-se referência em todas essas áreas.

Em 2008, a Cultura faturou R$ 230 milhões, 25% a mais do que em 2007. Seu crescimento médio mensal vem batendo na casa dos 40% – isso em meio à recessão econômica e num país conhecido pelos baixos índices de leitura. Qual é o milagre? Qual a estratégia de negócios que permite a uma livraria crescer dessa forma? Foi o que se perguntou o pessoal da revista HSM Management, fonte inesgotável de idéias e cases para quem dirige o próprio negócio. A resposta de Pedro: não há estratégia!!! “As oportunidades aparecem e nós as agarramos”, diz ele. “Vamos aprendendo e fazendo, errando e aprendendo”.

Desde que assumiu o comando da empresa, em 1969, Pedro diz que cometeu vários erros. E foi assim que chegou aonde está. “A gente aprende com os erros, não com os acertos”, ensina. “Temos é de não repetir os mesmos erros, e sim cometer erros novos”.

Conheci Pedro anos atrás, logo depois da abertura de sua megastore (ele detesta esse nome) no Shopping Villa-Lobos, e admirei sua visão de empresário. Agora assessorado pelos filhos Sergio e Fabio, ele sempre soube que nada podia esperar do governo, que nunca fez da cultura uma prioridade (a não ser para os amigos do poder, acrescento), nem de seus grandes fornecedores, como as gravadoras, por exemplo, cuja ganância nunca teve limites.

O fato é que visitar uma loja da Livraria Cultura (qualquer uma) é obrigatório para qualquer um que venha a São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Recife e Brasilia, cidades onde a rede hoje se espalha. Equivale a uma viagem ao Primeiro Mundo. Pena que existam apenas oito.

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