A propósito do comentário anterior, um especialista em varejo me contou que é crítica a situação da maioria das grandes redes brasileiras. Se não fosse a crise americana, a esta altura é posível que algumas já tivessem sido compradas pela Wal-Mart, ou quem sabe pela própria BestBuy, cujos lucros subiram depois da quebra de sua maior concorrente, a Circuit City.

A situação parece mais séria entre as redes de porte médio (em torno de 100 lojas) que não conseguiram definir um perfil de público qualificado e com ticket médio alto e constante. O melhor exemplo é o da Magazine Luisa, que no final de 2008 deu seu salto mais ousado e, pelo visto, acabou batendo contra a parede da recessão. A rede abriu, num só dia, 50 novas lojas na concorridíssima região da Grande São Paulo, isto é, foi brigar de frente com Casas Bahia, Fast Shop e outras forças. Deu azar de, na mesma época, as vendas despencarem para todo mundo, e agora sabe-se lá o que pode acontecer. Dificilmente essas lojas serão mantidas.

Sem mencionar o caso Ponto Frio, que pelo visto tem mais a ver com razões familiares, há as nordestinas Insinuante e Ricardo Eletro, também citadas entre as de situação financeira complicada. São empresas que apostaram no preço baixo como ferramenta contínua de vendas, quando na verdade essa estratégia nunca se sustenta no longo prazo. Toda empresa precisa ter lucro, não para fazer de seus donos os novos milionários das revistas Exame ou Fortune, mas para se manter capitalizada diante das crises, além de reinvestir parte desse lucro no aprimoramento de sua operação. Essa conta não fecha quando tudo que se tem a oferecer ao cliente é… preço.

Me faz lembrar uma frase, se não me engano do velho Akio Morita: “Se meu concorrente está baixando os preços, não me preocupo: provavelmente ele não vai durar muito. Vou começar a ficar preocupado quando ele aumentar os preços e continuar vendendo”.

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