kindle6Finalmente, a Amazon apresentou nesta quarta-feira, em Nova York, a nova versão do Kindle DX (foto), seu e-book, agora com tela maior (9,7″, contra 6″ do modelo anterior) e mais adequada à leitura de jornais e revistas, não apenas de livros. A novidade foi saudada até em artigo do The New York Times, um dos mais atingidos pela crise que afeta a mídia impressa em todo o mundo. Ao lado de grupos como News Corp e Hearst, o Times luta para encontrar um novo modelo de negócios na era da internet e, assim, evitar a falência (não estou exagerando: essa possibilidade já foi discutida seriamente pelos acionistas). Leiam este artigo traduzido do The Wall Street Journal

O Kindle DX será vendido a partir de junho, por US$ 489, somente na Amazon.com. Segundo a empresa, três grandes jornais dos EUA – Boston Globe, Washington Post e o próprio Times – já decidiram aproveitar o lançamento para fazer experiências visando à venda de assinaturas digitais: em vez de receber o jornal impresso em casa, o assinante fará o download no Kindle. A Amazon informou ainda que sete universidades encomendaram exemplares do aparelho para emprestar a seus estudantes, que assim poderão substituir seus livros (caros e pesados) por um único aparelho. O novo Kindle é bem mais incrementado que a primeira versão: possui leitor de arquivos pdf e capacidade para armazenar até 3.500 livros (são “apenas” 1.500 no modelo anterior). Além disso, tem menos de 1cm de espessura!!!

Lendo tudo isso, fiquei pensando na entrevista dada pelo escritor Gay Talese esta semana ao Estadão. Talese, autor de vários livros de sucesso (como “Fama e Anonimato” e “A Mulher do Próximo”) foi repórter do Times durante anos e acha que nenhuma mídia digital pode substituir a força de um bom jornal. Ele chama os jornalistas atuais de “preguiçosos” e diz que “é impossível saber a verdade através de um blogueiro que não sai de sua sala”. Fico curioso por saber o que Talese acha do Kindle e dos demais dispositivos que se propõem a substituir o jornal. Esta, aliás, é uma boa discussão.

Ao ser perguntado “por que precisamos de jornais”, Talese saiu-se com este primor de resposta: “Porque no prédio de qualquer redação de um jornal respeitável, a qualquer momento, há menos mentirosos por metro quadrado do que em qualquer outro prédio. Há mentirosos nos jornais também, mas em menor número. Nos prédios do governo, nas escolas, instituições científicas, estádios de esporte, nas fábricas, a mentira circula num grau mais alto. Os jornais estão mais interessados na verdade, mesmo se cometem erros, às vezes erros involuntários. E, se você ainda quer a verdade, é mais fácil chegar a ela por intermédio de um jornal do que em qualquer outra instituição. Os jornais ainda oferecem a melhor chance de manter a verdade em circulação”.

Alguém discorda?

2 thoughts on “O salvador dos jornais?

  1. Não, por enquanto não há chance. Mas, com o sucesso lá fora, pode ser que alguma empresa se anime a produzir uma versão nacional. Abs. orlando

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