Reportagem do Estadão neste domingo mostra, em números, que o contrabando de eletrônicos voltou a crescer no País. Havia dado uma trégua no ano passado, muito em função da queda de preços provocada pelos incentivos fiscais, mas retomou a antiga força. Estudo do Instituto Brasil Legal (IBL) revela que são piratas cerca de 40% dos notebooks que entram no mercado, assim como 50% das câmeras digitais e 70% dos players portáteis. No caso dos notebooks, apenas três marcas – Acer, Asus e Toshiba – respondem por mais de 650 mil aparelhos importados em 2008, dos quais somente 133 mil foram declarados à Receita Federal. Curioso que a própria Receita se diz impotente para conter a entrada desses equipamentos via Paraguai, inclusive de barco, pelo Rio Paraná e pelo Lago de Itaipu!
O IBL faz cálculos estratosféricos sobre o suposto prejuízo que a pirataria causa ao País. A perda com sonegação de impostos seria superior a R$ 650 milhões. Não sei como se calcula isso, mas acho que esse não é o problema mais grave. Muita gente compra produtos piratas porque são mais baratos, simplesmente. Não liga para o fato de que o contrabando de eletrônicos é parte de uma enorme cadeia de crimes organizados, o que vários especialistas já denunciaram. Quer apenas “levar vantagem”, a velha filosofia de vida do brasileiro.
Também neste fim de semana, a revista Veja deu como reportagem de capa um detalhado levantamento sobre o mercado de computadores e internet, nos quais o Brasil é um dos campeões mundiais. Nosso país seria o quarto mais contaminado do mundo, por vírus e programas que invadem computadores, roubam senhas e desviam dinheiro de contas bancárias. Nesse ranking, divulgado pela Microsoft, estão à frente do Brasil somente Rússia, São Tomé e Príncipe e Sérvia/Montenegro. A revista cita vários casos de pessoas que foram prejudicadas por meios virtuais, inclusive o de um rapaz que comprou pela web um iPhone 3G por 550 reais. Claro, achou que estava levando vantagem, até descobrir que tinha caído num golpe.
Seria o caso de dizer: bem feito?
