Num discurso que surpreendeu pela agressividade, o presidente da CEA (Consumer Electronics Association), Gary Shapiro, defendeu na semana passada que nenhuma empresa americana do setor eletrônico aceite ajuda financeira do governo federal. Isso mesmo: a entidade que defende os interesses de mais de 2.000 indústrias do setor acha que não é correto pedir dinheiro público, por mais que se esteja em dificuldades – e olha que, com a crise atual, o que não falta é empresa em dificuldade.

Num evento chamado Tech Policy Summit, onde se discutiu a política do governo Obama para o setor de tecnologia, Shapiro falou grosso: “Não é papel do governo dizer às empresas como devem agir. Isso cabe aos empresários. O governo só estraga as coisas quando oferece ajuda financeira, como no caso dos bancos e das montadoras de automóveis”. Criticando até mesmo empresas do Vale do Silício que têm buscado ajuda oficial, Shapiro perguntou: “O que vai acontecer daqui a dois anos, quando esse dinheiro acabar? Será que irão pedir mais? O problema dos EUA é o déficit público, e com esse tipo de política iremos deixar uma terrível herança para nossos filhos”.

Não é a primeira vez que Shapiro critica Obama. Em seu blog, ele não deixa passar nada. O que chamou atenção desta vez foi o tom violento. O executivo lembrou que, enquanto o governo americano financia empresas falidas, na França está em vias de ser aprovado um projeto que inclui a eficiência tecnológica como item obrigatório no currículo das escolas, o que – julga ele – é muito mais importante para estimular o desenvolvimento de um país.

Resta saber se Obama, presidente que tem até um ministro dedicado à tecnologia, vai levar essas críticas em consideração.

1 thought on “Ajuda do governo, não!

  1. Concordo com o Presidente da CEA. Dinheiro público é do povo. Não é para sustentar empresários incompetentes; no caso dos Bancoa Americanos, o Presidente do BC de lá também deveria ir para a cadeia, junto com os executivos dos Bancos.

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