Como já comentei aqui, sou por princípio contra greves em geral. Não acho que sejam solução para coisa alguma; ao contrário, considero injusto um movimento que defende benefícios para milhares (ou milhões) de pessoas, sendo que nem todas merecem. É graças a essa injustiça que temos no Brasil, por exemplo, marajás premiados com aumentos de salário e outras vantagens obtidas através de greves. Aliás, esse é um dos motivos pelos quais os sindicatos em geral não querem as negociações por empresa – perderiam a maior parte de seu poder.

Mas o movimento que vem afetando a Universidade de São Paulo há várias semanas é um caso à parte. Li que entre as reivindicações dos funcionários está – acreditem – a proibição do projeto de ensino a distância, que estava programado para começar agora no meio do ano. Pressionada pelos grevistas, a Reitoria decidiu adiar o projeto para o ano que vem. Os funcionários alegam que o chamado e-learning, um dos mais importantes avanços da tecnologia nos últimos anos, é prejudicial à classe porque permite que um único professor dê aulas simultâneas a milhares de alunos localizados bem longe da sala de aula. 

Está aí mais um claro exemplo de corporativismo danoso ao país. Os tais milhares de alunos que iriam se beneficiar dessa inovação que se danem… importante mesmo é o que pensam os funcionários da USP. Que estão pouco se lixando para a educação. Me faz lembrar que tempos atrás a Prefeitura de São Paulo tentou implantar catracas eletrônicas nos ônibus, para reduzir o tempo de parada, e sofreu forte reação do Sindicato dos Cobradores, que temiam perder seus empregos. Ou do célebre caso da instalação de auto-serviço nos postos de combustível, como é comum na Europa e nos EUA, e que foi barrada porque o Sindicato dos Frentistas era contra.

É o Brasil a caminho do século 19.

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