Estou lendo mais um livro excelente de Don Tapscott, o autor dos clássicos “Wikinomics” e “Capital Digital”, entre outros. Tapscott agora aborda a relação entre as novas gerações e a tecnologia, ou, explicando melhor, como as inovações tecnológicas vêm mudando o comportamento dos jovens pelo mundo afora. O autor – guru de muitos executivos e um dos palestrantes mais requisitados da atualidade – está entre aqueles que acham que os jovens de hoje são mais bem informados, mais inteligentes e melhor preparados para tomar decisões do que seus pais. E que isso tem a ver com a enorme quantidade de informação que acumulam desde crianças, graças à televisão e à internet. E mais: os que jogam muito videogame adquirem maior agilidade para reagir diante de situações inesperadas e são mais difíceis de serem enganados.

Bem, Tapscott desfia uma série de argumentos e estatísticas para embasar essas teses, inclusive pesquisas de campo e entrevistas que ele mesmo garante ter feito (pessoalmente ou online) com mais de 1.600 jovens entre 12 e 25 anos. Em certas partes do livro, ele inclusive reproduz declarações de seus entrevistados, com a intenção de mostrar a nós, adultos, e também às empresas em geral, que devemos todos rever o tipo de relacionamento que temos com os jovens. Ainda não terminei de ler e, portanto, não quero fazer julgamentos precipitados. Mas me chama atenção o fato de um “guru” como esse deixar de lado seu público-alvo tradicional (executivos e profissionais experientes) para se dedicar aos jovens, tratando-os como todo-poderosos. Será que eles merecem?

_45984503_scott_mum_226A propósito, remexendo nos arquivos do computador, encontrei esta matéria da BBC Magazine que trata exatamente da relação entre jovens e tecnologia. A revista propôs a um garoto de 13 anos trocar, por uma semana, seu iPhone por um Walkman de 30 anos atrás, ou seja, o primeiro modelo lançado pela Sony, em 1979. Meio a contragosto, Scott Campbell (na foto com a mãe, que ficou com seu iPhone) topou experimentar o aparelho que definiu como “essa caixa monstruosa”. E contou à revista que não entende como seu pai conseguia usá-lo. “Ele me disse que era um grande aparelho, mas não pensei que fosse tão grande assim”, comentou, referindo-se ao Walkman – tão pesado que mal podia ser amarrado ao seu cinto.

O recurso de que Scott mais sentiu falta foi o shuffle, que nos players MP3 permite reproduzir as músicas fora de ordem. E como o rapaz resolveu a questão? Simples: apertava e segurava a tecla REWIND, soltando-a de repente. “Pior foi ter que ficar virando a fita toda hora”, contou dele. “Eram só 12 músicas de cada lado. Como é que meu pai aguentava? Ainda bem que nasci na era digital”.

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