superinteressantebiotonico2Li recentemente na revista Superinteressante um sugestivo artigo defendendo a pirataria ampla, geral e irrestrita. O autor – cujo nome não me recordo – é enfático: os que combatem as cópias de discos e filmes piratas, assim como os downloads ilegais, podem tirar o cavalinho da chuva, porque a tendência é irreversível; com o tempo, tudo terá que ser distribuído pela internet, de graça, porque é assim que tem de ser, e não há como impedir. Ponto final.

Curioso, fui procurar o artigo (que li às pressas, no consultório do dentista) no site da revista. Encontrei ali uma série de textos curiosos sobre ciência e tecnologia, mais parecendo um daqueles almanaques que a gente lia na infância. Algo como uma versão moderna do Almanaque do Biotônico Fontoura, que os mais jovens certamente não conhecem (quem tem mais de 40 anos deve se lembrar; por sinal, descobri que já tem até página no Flickr). E nada do conteúdo da revista. Este é sugerido, mas não disponibilizado. Quem quiser que faça uma assinatura… Aí comecei a entender: a tal defesa da pirataria vale para só para os outros!

Lembrei-me do artigo ao ler na internet que a Warner americana está fazendo acordos com produtores de cinema independentes para distribuir esse tipo de filme via internet, pelo sistema VOD (video-on-demand). A poderosa distribuidora está entre aquelas que querem, a todo custo, evitar o que aconteceu com as gravadoras de disco, que a princípio trataram a pirataria como um problema menor e acabaram engolidas por ela. O mercado físico de música (digo, lojas de discos) praticamente desapareceu, e os artistas dependem basicamente de seus shows e de lojas virtuais como a iTunes. Para impedir que o mesmo ocorra com o mercado de cinema, os estúdios abriram os olhos antes e começaram a se entender com os canais de distribuição online: a própria iTunes e outros serviços de downloads pagos, como Amazon VOD, Netflix, Rhapsody e Blockbuster Online.

Vamos ainda ouvir muito falar desse tipo de acordo, que a meu ver é a forma mais adequada de lidar com o problema (minha opinião mais detalhada sobre o assunto está neste artigo). Todo mundo que produz algum tipo de conteúdo (e aí incluo as editoras de livros, revistas e jornais) precisa buscar soluções como essas, para defender suas propriedades. Deixar que estas sejam roubadas não é nada superinteressante.

2 thoughts on “Almanaque da pirataria

  1. Faz o que eu mando ,mas não faça o que eu faço, está no artigo, e para tudo o que se crie ira haver um inventor de como piratear a tal coisa logo estaremos pirateando BD’s
    no nosso PC, é so esperar um pouco.

  2. O problema desse pessoal dos estúdios e gravadoras é que estão totalmente defasados e não ligam a mínima. Eu mesmo já procurei sites pra baixas LEGALMENTE filmes e concertos mas não encontro!
    No máximo existe sites (como o do Metropolitan Opera) que lhe deixam baixar uma ópera – pagando, claro – mas não lhe dão qualquer autonomia: você tem que assistir em um computador, não pode sequer assistir somente a trechos como acontece com uma ópera no caso das árias e mesmo assim só por um ou dois dias!
    Isso é chamar o consumidor de idiota! Eu pago, sem problemas, mas pra ter algo! Um vídeo de preferência em alta definição que se possa ver e ouvir quantas vezes quiser e o trecho que quiser. Isso ainda não existe!
    Enquanto isso a pirataria vai tomando um lugar que seria por direito das gravadoras, que preferem achar que o mundo é que tem de se adequar à elas, e não o contrário.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *