0,,21887667-FMM,00Os Beatles estão na moda outra vez. Na verdade, nunca deixaram de estar, são uma das mais infindáveis fontes de receita para gravadoras, editoras de música, rádios, sites, revistas… e, é claro, para os próprios membros do quarteto e seus familiares. Mas agora, com essa onda toda em torno do videogame que “ensina” a tocar guitarra a partir das músicas do grupo, começa uma nova overdose de Beatles (a foto mostra uma fila de compradores, na cidade-natal deles, Liverpool). Como já tivemos uma “over” de Michael Jackson nas semanas seguintes a sua morte. Vi hoje numa banca uma revista com a chamada: “A verdade definitiva sobre a separação dos Beatles”!!! Verdade definitiva? Depois de quase 40 anos alguém ainda quer encontrar uma informação que não tenha sido publicada sobre o assunto? Só rindo…

Fiquei chocado com a notícia de que estão vendendo um kit contendo o jogo (para PlayStation, XBox ou Wii), réplicas das guitarras de John Lennon e George Harrison e uma caixa de CDs por R$ 3.600! Será verdade? Não sou chegado em games, por isso nem posso dizer se o preço é justo ou não. Mas será que alguém, em sã consciência, acredita mesmo que vai aprender a tocar guitarra através de um jogo desses? Bem, deixa pra lá.

O que eu queria comentar não é sobre o tal videogame, e sim sobre os CDs. Foram remasterizados todos os 13 discos dos Beatles, que podem ser adquiridos avulsos ou numa caixa com embalagem de luxo. E está saindo também uma outra caixa, com as versões originais dos álbuns, em mono!!! Fui beatlemaníaco – como quase todo mundo da minha geração – e acho que ainda não apareceu outro grupo igual. Tenho todos os 13 discos em CD (alguns ainda em LP), mas acho que não compraria versões remasterizadas, por mais que o serviço tenha sido feito com a melhor tecnologia atual. Mesmo que o engenheiro responsável seja um gênio, não será tão gênio quanto Lennon, McCartney e cia. Nem quanto George Martin, o “quinto Beatle”, produtor de todos os seus discos, hoje aposentado. Talvez eu compre algumas das edições em mono, mas será por puro saudosismo (era assim que ouvíamos na juventude).

Nesta era de downloads e música descartável, esse revival me faz lembrar as pessoas que se queixam das novas tecnologias, acusando a indústria de “exploração”. O próprio Paul McCartney apareceu nos jornais semana passada dizendo que as músicas dos Beatles devem ser liberadas para download. Ou seja, o cara que é o “dono do tesouro” libera tudo – não de graça, claro – e ainda tem gente que condena a evolução tecnológica com base no argumento de que “o aparelho que eu comprei no ano passado já está obsoleto”. Ora, é fácil: é só não comprar nada. Digitar em máquina de escrever, enviar carta em vez de e-mail, tirar foto com filme e mandar revelar, assistir filme em VHS.

E ouvir música em mono!

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