O presidente Lula teve que bater na mesa esta semana, durante reunião com os ministros Dilma Roussef, Helio Costa e Paulo Bernardo. O tema era o Plano Nacional de Banda Larga, sobre o qual assessores dos ministérios vêm divergindo publicamente. A partir de agora, apenas Lula poderá falar a respeito. Ótimo. Não teremos mais que ouvir (espero) bobagens como as de Rogerio Santana, secretário de T.I. do Ministério do Planejamento, aparentemente o maior defensor, dentro do governo, da reestatização do setor de telefonia. Na semana passada, ao receber os presidentes das principais operadoras, Lula teve que ouvir críticas ao comportamento de Santana, que a toda hora vinha batendo contra as teles. Nos bastidores da Futurecom, que terminou hoje em São Paulo, executivos do setor se mostravam indignados com essa atitude.

Pelo visto, ninguém no governo faz a menor idéia do que é um plano dessa magnitude e de quanto dinheiro envolve. Santana falou em investimentos de R$ 3 bilhões, valor que provavelmente é mero chute. Sua idéia é constituir uma nova estatal, a quem caberia planejar, executar e controlar a rede de banda larga, cuja ambição é levar o serviço a todas as cidades do País. As opiniões no mercado variam, mas ninguém fala em menos de R$ 50 bilhões – só no ano passado, foram investidos R$ 10 bilhões! O presidente da Telefonica, Antonio Carlos Valente, chegou a falar em R$ 215 bilhões. Como se vê, uma pechincha…

Falando sério: um Plano de Banda Larga que seja digno desse nome deve levar em conta, primeiro, que o governo não tem a menor condição (nem financeira, nem técnica) de executá-lo sozinho. Segundo, é praticamente impossível estimar o valor do investimento, pois parte do território nacional já é coberta pelas redes privadas, que inclusive estão em expansão. A Oi, por exemplo, herdou a maior dessas redes, que pertencia à Brasil Telecom, cuja extensão passa dos 200 mil quilômetros. A rede da Embratel/Net deve estar na casa dos 100 mil quilômetros, e a da Telefonica talvez um pouco menos. Caberia, portanto, um detalhado estudo de viabilidade financeira. Terceiro: o problema para levar o sinal a todas as cidades, como quer o governo, não é construir a rede em si, mas sim garantir o acesso, ou seja, assegurar que o sinal que chega às torres seja captado nos terminais de acesso, incluindo as casas dos assinantes.

Esse, sim, seria o papel do governo – que, aliás, mal consegue fiscalizar a rede de banda larga já existente.

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