Comentei aqui outro dia sobre o artigo O Brasil Levanta Vôo, de Mauro Segura, que aponta vários aspectos positivos da situação atual do País. Um deles é a energia. Corretamente, o autor lembra que o Brasil é privilegiado nesse quesito, com a maior reserva natural do mundo e uma variedade de matrizes energéticas sem paralelo. Num momento em que o planeta inteiro procura energia barata e sustentável, esse sem dúvida é um trunfo excepcional. Agora, leiam a notícia que está nos jornais deste domingo: a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) admite que a qualidade dos serviços de eletricidade piorou nos últimos anos, apesar do aumento das contas de luz.

É verdade: os dados da agência indicam que estamos no pior momento do setor após as privatizações. Em 2001, quando houve o racionamento do governo FHC, o brasileiro ficou 16,57 horas sem eletricidade, em média; em 2008, foram 16,61hs. Estados como Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais são apontados no relatório da Aneel como entre os que enfrentam situação mais grave. E há aquelas distorções típicas do Brasil: o estado de Roraima tem a tarifa mais alta do País (R$ 290/megawatt) e, no entanto, os cortes de energia lá somaram 1.007 horas ao longo do ano passado!

Bem, estamos falando de um dos estados mais carentes, onde a energia ainda é fornecida por usinas termoelétricas que, como se sabe, têm custo bem mais alto do que as hidroelétricas. Mas, analisando o caso de São Paulo, vejam a explicação dada pela AES Eletropaulo, principal concessionária do estado: a culpa é da queda de árvores, que aumentou muito nos últimos anos devido às variações do clima. No Rio, a Light atribui os blecautes das últimas semanas ao calor: as pessoas usam mais ar-condicionado e a rede não suporta. Chega a ser patético, não? Sempre pensei que as redes deveriam estar preparadas para essas eventualidades. Aliás, por que nas principais cidades brasileiras as redes ainda são cabeadas pelo ar, com aqueles postes horrorosos onde se misturam fios de vários tipos? Será tão complicado implantar redes subterrâneas?

Então, temos energia de sobra, mas a distribuição é precária, as contas de luz são as mais altas do mundo e somos campeões do apagão! Assim, o Brasil não levanta vôo mesmo…

3 thoughts on “E dá-lhe energia!

  1. Orlando, a CEMIG, aqui de MG, foi considerada a pior empresa da região sudeste e a que possui a maior média de duração nas interrupções do fornecimento de energia e no número de vezes que o problema acontece. Com isso, lidera o ranking da região de pior prestadora do serviço.
    De acordo com os números da Aneel, os mineiros atendidos pela Cemig chegam a sofrer com até sete apagões em um único mês. O tempo em que a população fica às escuras também é alarmante: são 14 horas, em média, a cada interrupção. Os números são de setembro deste ano.
    Em segundo lugar no ranking aparecem a Light, do Rio de Janeiro, e a Espírito Santo Centrais Elétricas (Escelsa), do Espírito Santo. As duas registram, em média, seis apagões por mês com duração de até nove horas. Já em São Paulo, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) tem cinco interrupções com duração de seis horas, em média. Posso comprovar isto pessoalmente, o serviço é péssimo. O que eles devem tirar o primeiro lugar é na propaganda institucional maciça no rádio e TV. Nisto eles são mestres e se vangloriam em ser a melhor do MMMMUUUUNNNNDDDOOOO!!!! Ao invés de gastar em bons serviços gastam em propaganda!

  2. Complementando o meu post anterior, vocês sabiam que o custo da energia elétrica em Minas Gerais, para o consumidor comum, é de cerca de 3 (três) vezes superior ao custo médio do consumidor americano? Vejam bem o ponto a que chagamos no Brasil. Eletrônicos vendidos com NF custam em média de 2 a 3 vezes mais caro e a energia 3 vezes. Onde esperam que o país vai chegar???

  3. Quer dizer que uma árvore só pode causar um blecaute em toda uma região do país? Isso soa uma tremenda piada de mau gosto. Que altura tinha essa árvore? Porque a mesma nunca foi derrubada para evitar esse blecaute! O governo pode enganar os trouxas mas os esclarecidos, nunca!

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