Pois é, um leitor aqui me criticou por ter chamado Julian Assange, do Wikileaks, de “super-herói”. Não entendeu a ironia. Agora, vejo o digníssimo prof. Demetrio Magnoli chamando-o de “herói sem nenhum caráter”. E muita gente misturando jornalismo com ideologia, o que é sempre perigoso. Para quem não gosta dos EUA, Assange é mesmo um ídolo por trazer a público documentos (nem todos importantes) que a imprensa em geral não tem coragem de divulgar. Quero ver como reagirão quando ele fizer o mesmo (se fizer) com os governos de Cuba, Venezuela, Irã etc. Já para os que defendem a política americana, Assange não passa de um criminoso, irresponsável.

Com todo respeito ao prof. Magnoli, não estou em nenhum desses dois lados. Todo veículo de comunicação – seja um site, blog, jornal, revista… – tem o dever de fiscalizar o que fazem os governantes. E de publicar o que descobre, desde que, é claro, isso não coloque em risco vidas humanas. O mundo seria muito melhor se todos fizessem isso, mas, como sabemos, a mídia está longe desse ideal. Ressalvo: todo veículo de comunicação tem também o direito de preferir este ou aquele governante, candidato ou partido político; é só deixar isso claro para seus leitores, o que nem todos fazem.

Quanto a Assange, também é seu direito divulgar o que acha conveniente – e ninguém é obrigado a acreditar no que o Wikileaks publica. Se faz isso apenas para se tornar celebridade (não creio), cedo ou tarde essa farsa será descoberta – talvez até por algum site tipo Wikileaks. Hoje, surgiu a notícia que Assange aceitou receber US$ 1,3 milhão da editora americana Alfred A. Knopf para escrever sua autobiografia. Provavelmente farão um filme sobre sua vida, e ele ganhar mais alguns milhões. Numa entrevista ao jornal inglês Sunday Times, Assange justificou que está precisando de dinheiro para sobreviver (quase todas as fontes de financiamento do Wikileaks foram suspensas) e também para pagar seus advogados, com quem já gastou mais de US$ 400 mil.

Claro que alguém vai acusá-lo de oportunismo ou até de coisas piores. Faz parte. Para o bem ou para o mal, Assange entrou numa guerra. E dificilmente deixará de sair ferido. Causa inveja a muitos, que não tiveram a sua coragem.

1 thought on “Herói, anti-herói ou super-herói?

  1. Seria ótimo se tivéssemos um Tupinileaks para revelar os podres dos nossos governantes e seus aliados. Por exemplo, a turma toda do mensalão trocando emails para combinar as mentiras cínicas que iam jogar na nossa cara.

    Abraços!

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