Ao escrever o livro “Os Visionários“, que acabo de lançar, descobri (ou melhor, confirmei) que a grande diferença entre países como o Brasil e as nações que lideram as coisas neste planeta está na educação. Quase todos os personagens do livro, que fizeram história através da inovação tecnológica, frequentaram boas escolas antes de se tornarem empreendedores. Mesmo Bill Gates e Mark Zuckerberg, que “fugiram” da escola, tinham sólida base educacional – se não tivessem, não teriam conseguido entrar em Harvard, certo?

Bem, mas por que estou falando disso? Entre Brasil e Alemanha, qual país você diria que investe mais em educação? Pois é, se respondeu “Alemanha”, errou!!! Fiquei estarrecido com a manchete de hoje na Folha de São Paulo: “Brasil supera países ricos em gastos com escola“. Sim, as famílias brasileiras estão entre as que mais gastam com a educação de seus filhos, o que, é claro, não quer dizer que estes tenham educação de melhor qualidade. O estudo é do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), antigamente conhecido como Ibmec: 1,3% do PIB brasileiro, em 2009, foi usado para financiar as escolas particulares. A Alemanha, coitada, investiu somente 0,7% (a média dos países europeus é de 0,9%).

Para piorar o quadro, os pesquisadores descobriram ainda que o governo investe 5,1% daquele mesmo PIB para custear as escolas públicas (na Europa, são 4,8%). Mesmo assim, o nível destas é tão baixo que a maioria das famílias prefere arcar com o custo de uma escola privada. A explicação do Insper é que o dinheiro é mal gasto. “Hoje, gastamos mais para uma qualidade pior”, resume o pesquisador Naercio Menezes Filho, que coordenou o estudo.

Ainda se esse dinheiro fosse usado para pagar melhor os professores… Mas estes são, ao lado dos alunos, as maiores vítimas dessa tragédia. Vejam só matéria de O Globo hoje: “As fraudes no ensino público“. Desde 2007, o MEC repassou a prefeituras e governos estaduais um total de R$ 17,1 bilhões destinados a educação; este ano, serão mais R$ 7,8 bilhões. Só que, sem fiscalização, poucos prefeitos e governadores usam o dinheiro para, de fato, melhorar seus sistemas educacionais. Ao contrário: Ministério Público e Controladoria Geral da União estão abarrotados de denúncias. Numa delas, um grupo de professores do Maranhão ainda espera receber seus salários de dezembro de 2008, parte de um desvio que teria chegado a R$ 2,6 milhões.

Essa, repito, é a grande tragédia brasileira.

 

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