Quando Akio Morita, cofundador da Sony, foi obrigado a afastar-se devido a um derrame, em 1989, já havia um substituto para ele: chamava-se Norio Ohga, um ex-cantor de ópera que, mesmo sem ser engenheiro, fora contratado quase 40 anos antes pela sua fina sensibilidade auditiva. Ohga assumiu oficialmente o lugar de Morita em 1994, mas desde o início da década anterior já era homem-chave na empresa que, durante décadas, foi considerada a mais inovadora do mundo.

Ohga, que morreu no último sábado aos 81 anos, liderou a última fase de brilho da Sony. Entrevistei-o uma vez em São Paulo, com certa frustração (esperava entrevistar Morita em pessoa, mas este não veio), e a impressão que passou foi a de um executivo ao estilo ocidental. A Sony havia acabado de lançar no Brasil o videocassete Betamax (que seria um fracasso), mas Ohga orgulhava-se de ter comandado o lançamento, no Japão, de uma outra invenção da Sony, muito mais bem-sucedida: o CD, que só chegaria aqui alguns anos depois. Na sequência, a Sony comprou a Columbia Records e a Columbia Pictures, dois negócios também arquitetados por ele e Morita. Na década seguinte, já com o fundador fora de combate, era Ohga o líder quando surgiu o PlayStation, igualmente um êxito estrondoso.

Sem dúvida, um empresário brilhante. Não deve ser coincidência que, após Ohga ter deixado o cargo de CEO, o grupo nunca mais foi o mesmo.

4 thoughts on “A morte do “pai” do CD

  1. Pai do CD? Mas a invenção não foi da Philips? A Sony teria sido o braço nipônico/mercadológico para dissiminar a tecnologia, mas a criação já estava anunciada e exibida antes da Sony entrar no negócio.

  2. Sim, Mauro, foi um trabalho conjunto das duas empresas. Na verdade, a ideia inicial foi da Sony, mas com medo de repetir o fracasso do Betamax Akio Morita e Norio Ohga decidiram desenvolver junto com a Philips; ambas depois abriram a patente do CD, como fariam anos mais tarde com o DVD. Ambos foram sucesso mundial. Tentaram fazer diferente com o Blu-ray, e deu no que deu. No meu livro “Os Visionários”, conto um pouco dessa história. Abs. Orlando

  3. Nao concordo que o Betamax foi um fracasso. O produto era muito melhor que o VHS. O problema foi que o gupro que desenvolveu o VHS (JVC) percebeu que teria um adversario dificil de ganhar se os dois continuassem em iguais condicoes. Liberaram a patente do VHS para quem quisesse produzir sem pagar royalties. Ja a Sony visando obter o retorno do investimento quis cobrar de outras empresas. Sendo assim todas as outras se uniram com o VHS, e o padrao ganhou do Betamax.
    Abraco

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