Embora não seja o assunto principal deste blog, não resisto a comentar as mais recentes informações sobre o verdadeiro escândalo em que está envolvida a FIFA. A julgar pelo que vem publicando a imprensa britânica, poderemos ter boas surpresas nas próximas semanas. A pressão é forte para que a entidade que manda nesse grande negócio chamado futebol saia do armário e puna seus dirigentes, denunciados por receber propina para liberar direitos de televisão e votar a favor de Rússia e Qatar, países escolhidos para sediar as duas próximas Copas.

Estranhamente, a imprensa brasileira vem dando pouca divulgação ao caso, mas as denúncias parecem bem consistentes. Segundo o site da BBC, o vice-presidente da FIFA, Jack Warner, por exemplo, pediu 2,5 milhões de libras esterlinas para votar a favor da Inglaterra como sede da Copa de 2018. Por motivos semelhantes, dois dirigentes da entidade já foram demitidos e outros dois, inclusive o brasileiro Ricardo Teixeira (presidente da CBF), estariam sendo investigados. Há até um toque de comédia no escândalo: também para votar pelos ingleses, o paraguaio Nicolas Leóz, outro dirigente da FIFA, é acusado de pedir não dinheiro, mas simplesmente um título de Lorde – algo que só pode ser concedido pela Rainha Elizabeth…

As acusações foram feitas esta semana pelo ex-presidente da Federação Inglesa, Lord Triesman, em depoimento perante o Parlamento. Triesman foi chamado depois que o jornal Sunday Times revelou, numa série de reportagens, as tramoias de bastidores que levaram a Inglaterra a perder as duas próximas Copas. O jornal descobriu, por exemplo, que dirigentes da FIFA (Ricardo Teixeira de novo é citado) perguntaram abertamente aos ingleses quanto iriam receber para dar seu voto a favor do país. E mais: receberam milhões de dólares na negociação para venda dos direitos de televisão da Copa de 2010.

Alguém pode perguntar: e daí, o que isso tem a ver com nós, brasileiros? Bem, à parte o fato de que Teixeira é presidente da CBF, há evidências de que esse jogo de bastidores está influindo também na questão das obras para a Copa de 2014. Não é à tôa que ninguém se dispõe a financiar o estádio do Corinthians nem as reformas de vários estádios nas cidades-sede, inclusive o Maracanã – quem entrar nesses projetos terá de reservar “alguma coisa” para a FIFA e seus representantes. Foi o que já me disseram dois colegas jornalistas com boas fontes nesse, digamos, mercado. Para nós, contribuintes, o pior é que ainda corremos o risco de o governo, no desespero, aceitar a chantagem desses senhores e cobrir os diversos rombos que estão se abrindo.

Juntando tudo isso, fica mais fácil entender: a FIFA não poderia mesmo querer a Copa na Inglaterra, onde todos os estádios já estão prontos e em perfeitas condições. Não contentes em faturar altíssimo com patrocínios e transações de jogadores, os nobres cartolas querem também tirar algum das construtoras e dos investidores. E assim fazem a bola continuar rolando.

1 thought on “Os donos da bola

  1. Realmente eu estava achando muito estranho que a apenas 3 anos da abertura da copa no Brasil,as obras ainda engatinhem ou estejam longe de serem iniciadas,tanto nos estádios como em infra-estrutura.Temo que passemos uma vergonha colossal com a mudança de sede da copa de 2014 pois mesmo se o governo assumir a” bucha”,entre projetos e licitações não vai dar tempo…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *