Nesta terça-feira, a Netflix confirmou, através de comunicado oficial distribuído em toda a América Latina, seu plano de investir no continente ainda este ano. Irá atuar em 43 países, incluindo alguns do Caribe, sendo o Brasil o único de lingua portuguesa. Haverá conteúdos globais e locais, no idioma de cada país, ou seja, no Brasil será possível acessar filmes, shows e séries de televisão dublados ou com legendas em português.

Em princípio, são ótimas notícias. Num artigo publicado recentemente no IDG Now, Marcelo Spinassé, CEO da empresa Truetech – especializada em software para distribuição de conteúdos digitais pela web – saudou a novidade com um sonoro “Bem-vinda Netflix”. Segundo ele, a empresa tem os requisitos para provocar uma reviravolta no mercado brasileiro, já que possui o maior acervo do mundo e preza a qualidade técnica do material que oferece. Seus mais de 23 milhões de assinantes na América do Norte foram acostumados a um serviço de primeiríssima linha. Podem solicitar qualquer filme, série ou show a qualquer hora do dia ou da noite e assisti-los quando for mais conveniente, no velho esquema VoD (video-on-demand); e sabem que serão atendidos.

Mas, dá pra esperar o mesmo desempenho aqui no Terceiro Mundo? Assistir a qualquer vídeo pela web com um mínimo de qualidade exige conexão de pelo menos 2 Megabits por segundo (reais, não nominais). Como o próprio Spinassé reconhece, isso equivale a ter um plano de 20Mbps, pois as operadoras só garantem 10% da velocidade prometida (coisas de Brasil). Tomara mesmo que a chegada de uma empresa tão respeitada as leve a investir mais em sua infra-estrutura, mas não acredito que isso aconteça tão cedo.

Diz o The Wall Street Journal que a direção da Netflix calcula em 35 milhões o potencial de assinantes do serviço somente em três países latinoamericanos: Brasil, México e Argentina. Por isso, tomou a decisão: já dá mais do que eles têm hoje no maior mercado do mundo. A pergunta que fica é: será que consultaram as operadoras?

3 thoughts on “Netflix: o que significa?

  1. Caro Orlando,

    Grande notícia! Realmente eles são muito bem vindos, tomara que cheguem com a qualidade que já tem nos EUA e os preços de arrasar.

    Sobre a velocidade do acesso, mesmo que as operadoras ˜tirem da reta˜ ao garantir 10% de banda, trata-se de um artifício mais jurídico que realmente técnico, já que fica caríssimo garantir 100% de banda (ou quase isso) por 365/24/7, como dizem nos EUA.

    Através de scrips, sites de testes e outras ferramentas, pude verificar que em boa parte do tempo, as vezes dias e semanas sem parar, é possível obter algo próximo do máximo de banda oferecido com Velox, Virtua e até meu pequeno provedor local (que usa fibra de ponta a ponta), Mundivox. É bom lembrar que parte da conexão depende da capacidade do link do “outro lado”, ou seja, onde e como estão armazenados os arquivos solicitados.

    Um exemplo pontual: Tenho acesso aqui via RDP (remote desktop) a dois servidores da empresa, um ligado ao Velox e outro ao Virtua, para redundância. No Velox, com banda de apenas 2 mbps, estou baixando um arquivo a 210 KB/s, ou seja, um pouco menos que o máximo que seria de 240 a 250 KB/s. No Velox, mesma coisa. O teste durante o dia mostra uma velocidade um tanto menor, mas, mesmo assim, bastante aquém dos 10% do contrato. Ainda usando o mesmo arquivo para download, na conexão de casa (12 mbps), consigo 1.2 MB/s, uns 20% abaixo do máximo.

    É claro que as condições variam neste imenso país que é o Brasil e existem empresas sérias, mas a regra é ficar bem acima dos 10% contratuais mesmo. Com 10% no contrato, fica fácil rebater qualquer questionamento em relação a velocidade na Justiça ou órgãos reguladores, o que é, claro, um artíficio deplorável que não existe nos países onde há regulação governamental de verdade.

    Abs

    Julio Cohen

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