Desenvolvedores de software para TV Digital já não sabem mais a quem recorrer: o governo e as emissoras praticamente abandonaram o recurso de interatividade, tido no início como um dos grandes diferenciais do padrão brasileiro. Dentro do próprio Fórum SBTVD, o assunto quase não é tratado – a ponto de já existir um movimento das empresas de software querendo sair do grupo. Reportagem do site Convergência Digital, publicada na semana passada, dá uma ideia da gravidade desse problema. Muita gente investiu na perspectiva de que o telespectador teria acesso a diversos serviços interativos, mas parece que isso vai ficar no sonho.

Não se pode afirmar que a culpa seja dos fabricantes: os principais estão adotando a norma de instalar o middleware DTVi (antigo Ginga) nos TVs mais sofisticados. Mas as emissoras – com exceção da Globo – pouco fizeram a respeito até agora. E isso tem uma razão: ninguém conseguiu identificar um modelo de negócio sustentável para a novidade. Ou seja, quem paga essa conta? Desenvolver aplicativos exige tempo e dinheiro, especialmente em mão-de-obra qualificada, mas as emissoras só vão adotar a interatividade se tiverem anunciantes (ou parceiros) dispostos a cobrir os custos.

Quanto ao governo… bem, como quase sempre acontece, ficou no ar a promessa de usar recursos interativos para agilizar a implantação do chamado e-gov. Na teoria, contribuintes e fornecedores do governo poderiam ter acesso a muito mais serviços públicos usando essa tecnologia. Os próprios órgãos governamentais teriam mais facilidade em trocar informações e gerenciar seus procedimentos, resultando numa administração mais ágil e transparente. Além de tudo, seria uma bela maneira de gerar empregos, incentivando os desenvolvedores a criar aplicativos de administração pública (é bom lembrar que 99% deles são microempresas, com altíssima capacidade de atrair e treinar mão-de-obra).

Bem, mas alguém do governo está preocupado com isso? Sim, há um site denominado Governo Eletrônico, que na prática é uma coletânea de boas intenções. E sem nenhuma palavra sobre interatividade.

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