A notícia anterior sobre as vendas de TVs nos EUA dá o que pensar, principalmente quando cruzada com outras divulgadas hoje. Segundo The Wall Street Journal, por exemplo, a Samsung Electronics anunciou queda de 23% em seus lucros nos últimos doze meses, mesmo aumentando seu faturamento em 3%. Ou seja, é uma empresa que vende mais, porém com menor rentabilidade.

Como toda estatística de mercado, esta também deve ser lida com cuidado. Na verdade, a Samsung não tem conseguido ganhar dinheiro com a venda de TVs, embora seja líder mundial. O que sustenta a empresa hoje são as vendas de celulares e de chips. Somente no último trimestre, foram 116 milhões de aparelhos, sendo 88 milhões de celulares comuns e 28 milhões de smartphones; neste último item, por sinal, a empresa coreana ultrapassou a Apple, que somou 17 milhões de iPhones. Como se sabe, smartphones dão muito mais lucro do que celulares, e a Samsung fez a aposta certa: no ano passado, tinha vendido apenas 7 milhões de smartphones!!! Somando tudo, a divisão de telecom da empresa hoje responde por nada menos do que 59% de todo o seu lucro operacional.

Enquanto isso, a agência Bloomberg informa que a Sony decidiu reestruturar sua divisão de displays, na tentativa de recuperar os lucros do passado. Foram separados os setores de LCD, outsourcing e pesquisas, mudança que vale a partir de hoje, mesmo dia em que a Bolsa de Tóquio divulgou números preocupantes: o valor de mercado da empresa caiu 46% este ano, enquanto sua principal rival – justamente a Samsung – ganhou 4,3%.

A reestruturação significa que a Sony irá concentrar esforços nos TVs LCD de valor mais alto, com telas maiores e recursos mais avançados, como imagem 3D e aplicativos de internet e rede, onde as margens de lucro ainda podem ser razoáveis. O setor de outsourcing ficará responsável pelos TVs mais populares: a maioria deles já é feita na China, pela montadora Hon Hai, holding da Foxconn (aquela mesma que produz para a Apple). E o pessoal de pesquisas irá se dedicar ao desenvolvimento de novas tecnologias para displays, incluindo aí o tão sonhado, mas ainda distante, OLED.

Decididamente, 2011 não está sendo um bom ano para os japoneses. Com o fim da transição digital (em julho, todas as emissoras de TV do país deixaram de transmitir sinal analógico), caíram as vendas locais de TVs, afetando principalmente Panasonic e Toshiba. Esse fator, somado à valorização do iêne, fez aumentar os prejuízos.

É rezar para o ano acabar logo!

 

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