Posso estar exagerando, mas cada vez mais tenho a sensação de que os equipamentos eletrônicos estão ficando iguais. Percorrendo uma feira como a CES, e conversando com figuras importantes da indústria, parece haver um consenso de que as grandes inovações, hoje, se dão no campo do software, não do hardware. Sim, temos os displays OLED e a resolução 4K (que já comentamos aqui), mas ambos são promessas para, quem sabe, daqui a três ou quatro anos. Já o software está por toda parte, na forma de aplicativos (os já famosos apps) ou de algoritmos para processamento dos sinais de áudio e/ou de video.

Nove de cada dez soluções mostradas pelos principais fabricantes têm a ver com programas de computador. Não é por acaso que a maioria deles busca parcerias com desenvolvedores e criam suas app stores, lojas virtuais onde o usuário pode baixar atualizações para seus aparelhos. Todos buscam seguir o modelo vencedor da Apple, que a partir do lançamento do iPhone, em 2007, estimulou o surgimento de uma legião de especialistas, no mundo inteiro, dedicados a inventar recursos para seus aparelhos. São, na prática, verdadeiros garotos-propaganda da marca, que nada cobram por esse trabalho; ao contrário, se beneficiam dele.

Sony, Samsung, Panasonic, LG, Microsoft, Nokia, Motorola, Amazon, Google – quase todos os grandes da indústria eletrônica trabalham hoje dessa forma. Aqui na CES 2012, estamos vendo a consolidação desse modelo de negócio. As quatro primeiras estão demonstrando em seus estandes o que é possível fazer em seus – palavra da moda – ecosistemas. Funciona assim: se você tem um TV Samsung, pode comprar um celular ou uma câmera dessa mesma marca que todos os aparelhos poderão “conversar” entre si. Será mais fácil transferir conteúdos (vídeos, fotos, músicas) entre eles, inclusive numa rede sem fio que você pode montar em casa. E, se algum desses conteúdos se perde, não importa o motivo, não precisa se preocupar: ele estará armazenado num servidor que aquele mesmo fabricante mantém à sua disposição (é o que está sendo chamado de “nuvem”).

Empresas que têm uma linha mais variada de produtos – caso daquelas quatro – levam vantagem nesse modelo, porque a integração é mais natural. Mas Sony e Samsung, por exemplo, estão lançando aqui em Las Vegas players Blu-ray que acessam a internet e, na prática, funcionam como ponte para a mesma finalidade: mesmo que seu TV seja de outra marca, esses aparelhos trazem a nuvem até você.

Será este o futuro? Não precisaremos mais nos preocupar com detalhes como qualidade de som e imagem? Talvez seja exagero, mas cada vez fica mais evidente que, no mundo do hardware, quem tem software é rei.

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