A competente jornalista Miriam Leitão e a equipe da Globo News marcaram um gol de placa com o documentário “Uma História Inacabada”, exibido no dia 01 de março e disponível no site do canal. O tema – a prisão, tortura e morte do ex-deputado cassado Rubens Paiva, no Rio de Janeiro, em 1971, pelas forças do governo militar da época – rendeu também duas páginas no jornal O Globo. Material jornalístico de primeira, marca registrada, aliás, de Miriam e da Globo News.

O documentário, além de historicamente importante, é oportuno por ser exibido em meio às discussões sobre a chamada Comissão da Verdade, criada para investigar as circunstâncias do desaparecimento de dezenas de pessoas na época da ditadura militar – seus corpos jamais foram encontrados e isso, segundo muitos juristas, equivale a dizer que, pela lei brasileira, eles foram sequestrados. Suas famílias sabem que eles morreram, mas querem, pelo menos, saber como isso aconteceu e quem foram os responsáveis, embora saibam também que estes dificilmente serão punidos.

É um tema polêmico, difícil de encarar, mas que países como Argentina e Chile já enfrentaram e superaram; até agora, o Brasil se negou a fazê-lo. Setores militares se revoltam só de ver o assunto ser debatido na mídia (leiam esta entrevista). Há também aqueles que se aproveitam para faturar, neste ano de eleições, e por isso é preciso filtrar bem o que se lê e se ouve. Uma coisa é certa: enquanto tudo não for esclarecido, as dúvidas e desconfianças continuarão assombrando a memória de quem viveu aqueles tempos nada saudosos.

Como bem diz Miriam em seu blog, ninguém deveria temer as investigações. As próprias Forças Armadas deveriam se empenhar pelos esclarecimentos, para mostrar que aquelas barbaridades – sequestro, tortura, morte – foram cometidas por alguns (poucos) de seus membros, e que estes não representam o que pensa hoje a maioria da comunidade militar.

 

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