Pobres Criaturas, em cartaz nos cinemas e desde a semana passada também no Star+, é um dos filmes mais chocantes da temporada. Um primor de produção, cenários, fotografia etc., coroado por uma interpretação magistral de Emma Stone, merecidamente premiada com o Oscar de Melhor Atriz. Chocante pela história perturbadora, que mexe com sentimentos que nós, mortais, não gostamos de encarar e – pior – entrega imagens alucinantes, algumas escatológicas, incluindo cenas de sexo raras vezes mostradas no cinema comercial. É para estômagos fortes!

Termina-se o filme quase sem se acreditar no que acaba de ser visto. Mas nada ali prepara o espectador para uma revelação atordoante: grande parte daquelas imagens podem ter sido simplesmente copiadas (ou “adaptadas”) de um clássico filmado quase 100 anos atrás. Metrópolis, do alemão Fritz Lang, lançado em 1927, é um ícone do cinema mudo. Lembro de ter assistido na Faculdade e não ter entendido quase nada… mas era, e como!, um grande espetáculo visual.

Um amigo de Facebook me chamou a atenção para as semelhanças. Certas cenas de Pobres Criaturas, dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos, parecem decalques das imaginadas por Lang, como se pode constatar neste vídeo. O grego se vale com muita habilidade do uso da cor, o que de fato impõe uma enorme diferença na percepção do público, considerando que Metrópolis foi realizado na época do preto-e-branco. Curioso que no clássico de 1927 a trama se passa em 2026, enquanto a “cópia” é situada no final do século 19!

Outra diferença irremediável a favor de Lanthimos é que quase ninguém assistiu a Metrópolis, mesmo estando o clássico alemão disponível no Prime Video, para quem tem assinatura premium. E, como vai se tornando comum, a criação de efeitos visuais com ajuda de algoritmos embaralha ainda mais as linhas que separam uma obra-prima de um mero… não há outra palavra: plágio.

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