Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta, dona do Facebook, de acabar com seus já precários sistemas de checagem de conteúdos. Se hoje, com controles mínimos, falta pouco para as redes sociais se tornarem uma terra de ninguém, eliminando-se as checagens – feitas por pessoas treinadas, com ajuda dos algoritmos – não falta mais nada.
Só pra lembrar: a obrigatoriedade de controlar os conteúdos que publica forçou o Facebook, em 2021, a instituir sistemas de checagem que atuam em vários (não todos) dos países onde a plataforma pode ser acessada. Digo, países democráticos. Rússia, China, Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Cuba, por motivos óbvios, dispensam esses cuidados. Os abusos se tornaram tão gritantes após a eleição de Donald Trump em 2016 que choveram ações judiciais sobre a mesa de Mark Zuckerberg. Nos EUA e Europa, a Meta já teve que pagar bilhões de indenizações por causa disso.
Agora, com Trump de volta ao poder, Mr. Zuck deve estar se sentindo apoiado para tomar essa direção, a mesma de seu amigo Musk quando comprou o Twitter: abrir todas as comportas das redes (a Meta também é dona do Instagram e do WhatsApp) para que qualquer maluco publique o que quiser, quando quiser e contra quem quiser.
Quanto mais posts e curtidas, melhor?
Por enquanto, a decisão é válida somente para os EUA, mas duvido que em países como Argentina, Hungria, Polônia e outros Zuck terá maiores problemas. Talvez até a Itália, hoje governada por uma apoiadora de Musk e Trump, embora lá o Parlamento e o Poder Judiciário sejam mais independentes. Espero que o FB não venha trazer a “novidade” para o Brasil, e acho que se isso acontecer haverá muita reação.
Zuck diz que continuará havendo checagem para temas como violência, sexo, drogas e política, mas duvido. A essência de qualquer rede social – qualquer uma – é a interação entre seus participantes, pois é disso que a empresa se alimenta para atrair anunciantes. Quanto mais posts, mais dinheiro entrando no caixa. E, como se sabe, quanto mais polêmica, mais gente postando, curtindo, compartilhando. Sexo, violência e os demais tópicos citados por Zuck são um prato cheio para tal.
Um mecanismo tão diabólico que milhões, talvez bilhões de terráqueos se tornaram completamente viciados.
Quando se vê uma empresa com esse poder aliando-se a um governo – qualquer governo – e recusando todo tipo de controle ou moderação externa, quase como uma caixa preta indevassável, é para todo mundo que não ganha dinheiro com esse esquema ficar preocupado. E tentar preencher seu tempo livre com coisas mais produtivas.
O maior problema desse texto, é que esse tipo de pensamento “esquece” que liberdade é exatamente ter que ler e ouvir aquilo que a gente nao gosta e nao concorda. Se voce so puder dizer e escrever aquilo que agrada, entao nao existe liberdade.
Desde que as redes sociais e os jornais passaram a fazer esse “controle” citado no artigo, que a Liberdade na internet foi fortemente prejudicada. Tome-se como exemplo o citado Facebook. Antes desse ano de 2025, era absurdamente comum as pessoas receberem repreendas e ate suspensoes da plataforma, sem que nem ao menos soubessem exatamente o que tinham feito de errado, e mesmo tendo sido absolutamente cordiais e polidos em todas as mensagens. As punicoes eram pelo simples “delito” da opiniao mesmo.
Recentemente eu li ate jornalista da grande imprensa (foi na Folha ou Estadão) vociferando e defendendo que a “regulamentar a internet era mesmo urgente”, e que o Ministro Fernando Haddad tinha sido (na epoca da materia) a mais recente vitima das redes sem controle, pois estava sendo atacado por conta das mudanças do Pix. Ou seja, no desejo do jornalista, ninguem poderia livremente lembrar as pessoas que o governo nao é confiavel, e que as pretensas medidas de controle “que nao eram para o cidadão comum”, poderiam muito bem servir para taxar o Pix mais tarde, exatamente da mesmissima maneira que as pretensas medidas de controle das compras no exterior “nao eram para punir e taxar o cidadão comum”, mas acabaram sendo (hoje em dia sequer compras de menos de US$ 50 escapam do fisco).
Apenas controlar a má educacao dos postadores, ou mesmo checar uma afirmacao e mostrar que ela nao é verdade, é uma coisa. So que na pratica o que vinha acontecendo era CENSURA pura e simples da opiniao alheia, de acordo com a cartilha dos censores (os moderadores). Exemplo clarissimo e atual do que eu disse: experimente elogiar Trump ou falar contra a cultura Woke em plataformas como a Imgur. Em pouquissimo tempo, voce será proibido de postar naquela rede.
Felizmente essa Censura parece ter acabado em algumas plataformas, ao menos nos EUA.
Caro Rubens, sem querer entrar em polêmica, e sempre respeitando opiniões divergentes educadas como é o seu caso, lembro apenas que meu post nem discute a questão da liberdade de opinião. Não gostaria que alguma empresa ou governo viesse aqui censurar meus comentários e os de meus leitores. Não se trata disso. A questão é como lidar com criminosos, que infelizmente tomaram conta das redes sociais. As plataformas os acobertam porque ganham dinheiro com seus posts mentirosos, racistas, homofóbicos, xenófobos e de incitação à violência. Um colunista de jornal ou revista que faça isso será merecidamente processado. O mesmo deveria valer para quem usa a internet, alguns até com pseudônimo, para cometer crimes. É o que penso. Abs.