No sábado 12, logo após publicar o segundo post sobre a questão das tarifas (para quem não viu, está aqui), recebi por email a notícia de que o governo americano havia voltado atrás em relação aos eletrônicos importados da Ásia.
Como vem se tornando comum, do nada a Casa Branca contradisse o que havia informado na véspera e anunciou uma isenção (exemption) das tarifas que seriam cobradas sobre produtos da China e demais países asiáticos. Deu no insuspeito Wall Street Journal e toda a mídia internacional repercutiu.
“Seria um alívio” – esse foi o torna maioria das publicações, dando a entender que Trump havia pensado melhor e atendido as pressões das empresas americanas de tecnologia, cujas perdas vêm se acumulando desde que ele iniciou essa insana guerra comercial.
Já no domingo 13, Trump apareceu afirmando que não era bem assim: as tarifas foram apenas suspensas por um mês, e não haverá isenção alguma. Os itens eletrônicos estariam sendo alocados numa nova categoria tributária (vejam aqui), o que quer que isso signifique.
Matemática de 6a série: perdem as empresas, os varejistas e os consumidores
Esse vai-e-vem apenas confirma o que escrevemos aqui no post de 6a feira 11: parece que nem mesmo os membros do governo americano estão se entendendo sobre o sentido e a extensão das medidas que seu presidente vem anunciando.
A maioria das análises publicadas nos últimos dias, algumas assinadas por grandes especialistas em comércio internacional, reforça a insensatez das tarifas. Um deles chegou a usar a imagem colegial da foto acima: os cálculos de Trump e sua equipe seriam “matemática de 6a série”.
Aliás, este vídeo produzido pela equipe de tecnologia do Estadão explica em linguagem clara e didática o que acontece quando um país decide alterar sua política de modo tão radical e intempestivo.
Jason Miller, professor da Universidade Michigan, calculou para a revista Wired quanto o consumidor americano irá perder ao comprar, por exemplo, um laptop: o preço simplesmente triplica. Perderá também o varejista que lhe vendeu o aparelho: sua margem de lucro, que poderia ser superior a 30%, cairia para 18%. Quem quiser pode ver o relato aqui, em inglês.
No próximo post, vamos falar da reação das Big Techs às medidas anunciadas pela Casa Branca – elas que já tiveram, em conjunto, perdas da ordem de US$ 5,3 trilhões em valor de mercado, desde que Trump assumiu, em janeiro. O cálculo é do site Huffington Post.