A nova etapa da guerra comercial entre China e EUA, anunciada nesta 6a feira, pode ter fortes implicações para toda a cadeia tecnológica global. Os produtos listados pelo governo chinês em sua política de restrições às exportações estão entre os mais importantes na fabricação de displays, alto-falantes, dispositivos de fibra óptica e equipamentos de telecomunicação, entre outros.

Como resposta à política do governo Trump de impor tarifas e restringir a exportação de chips para empresas chinesas, o governo Xi Jin Ping optou por uma medida radical e inédita. Toda empresa que quiser importar terras raras, setor no qual o país detém 70% da produção mundial, terá agora que solicitar uma licença especial. A lista de restrições inclui 12 itens, alguns até de uso militar. Cinco deles são essenciais para a indústria eletrônica: érbio, európio, hólmio, itérbio e túlio.

 

Laser, baterias, HDs e sondas de petróleo

Vejamos abaixo qual a importância de cada um deles:

Érbio – Elemento fundamental em cabos e conectores de fibra óptica, é usado também na fabricação de displays e dispositivos com laser.

Európio – Talvez o material mais importante na produção de displays, é responsável pela luz fluorescente vermelha. Muito usado também em lâmpadas e outros itens à base de fósforo.

Hólmio – Um dos minerais com maior capacidade magnética, faz parte de todo tipo de imã, das baterias e alto-falantes aos discos rígidos.

Itérbio – Crucial em semicondutores, tem alta eficiência também na produção de luz infravermelha para dispositivos a laser e fibra óptica.

Túlio – Um dos materiais mais raros na natureza, é conhecido pela capacidade de emitir radiação infravermelha, essencial em dispositivos de segurança, médicos e vários tipos de display.

Quando falamos em displays, naturalmente estamos nos referindo à enorme variedade atual: TVs, celulares, monitores, computadores, sensores. A gama de setores que utilizam elementos raros é vasta: vai dos carros elétricos às turbinas eólicas, dos roteadores às sondas de petróleo. Por isso, o impacto que a decisão do governo chinês pode ter sobre a economia global não deve ser menosprezado.

 

Segundo o jornalista Igor Patrick, correspondente da Folha de São Paulo em Pequim, a China decidiu também seguir o modelo extraterritorial de controle do uso das terras raras, já utilizado há décadas pelos EUA, por exemplo, na questão das patentes e da propriedade intelectual. Significa que mesmo empresas fora da China poderão ser impedidas de utilizar os materiais raros chineses (vejam aqui os detalhes).

Se Trump resolver mesmo retaliar com mais tarifas (aparentemente sua única arma), teremos mais uma guerra comercial em que ninguém ganha; todos saem perdendo.

A propósito, este blog traz boas informações sobre como se posiciona o Brasil no mercado de terras raras.

 

 

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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