De forma intempestiva, como costuma acontecer no governo Trump, o Palácio do Planalto adiou na última hora a cerimônia de assinatura do decreto da TV 3.0, que estava marcada para esta 3a feira (19). A nova data, anunciada pelo ministro das Comunicações durante a SET Expo, é dia 27, num evento exclusivo para marcar a entrada do país nessa “nova era”.

Com sorrisos amarelos, executivo das emissoras, produtoras, fabricantes de equipamentos e prestadoras de serviço especializado circulavam ontem pelos corredores do Distrito Anhembi, em SP, tentando disfarçar o incômodo. Afinal, a SET Expo é o maior e mais importante evento do setor na América Latina, contando inclusive com a presença de dirigentes de empresas e entidades internacionais – além do próprio ministro, Frederico de Siqueira Filho.

Nos bastidores, o que se comentava era que nessa decisão pesou mais o “fator Trump”. Semana passada, surgiu uma divergência entre assessores do presidente Lula sobre o uso de recursos do padrão americano ATSC 3.0 no padrão brasileiro. De fato, o DTV+ é uma espécie de híbrido multinacional, introduzindo inclusive soluções puramente brasileiras, caso da interface de usuário, em que os canais de TV são apresentados e acessados como aplicativos.

Tecnologias brasileiras

Só para citar dois exemplos: assisti ontem na SET Expo a demonstrações da TV 3.0 com recursos desenvolvidos por universidades como Mackenzie e a UFF (Federal Fluminense), além de empresas como a catarinense Zedia, especialista em soluções de navegação, branding e produção de anúncios para TV 3.0.

Na verdade, pode-se afirmar que grande parte do DTV+ advém do ATSC 3.0, como o padrão de áudio imersivo MPEG-H (desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer, da Alemanha) e o sistema de transporte de vídeo ROUTE/DASH, desenvolvido pelo MPEG Group, com a participação de empresas americanas, coreanas e japonesas. Para quem tiver interesse mais específico, este é um bom link.

Se for verdade, a suspeita de assessores de Lula é infundada. A cooperação de empresas e entidades brasileiras com suas pares americanas é antiga na área de telecom, e deve continuar sendo assim, apesar dos desentendimentos com o governo Trump.

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

3 thoughts on “DTV+ segue, apesar do governo

  1. Sr. Orlando bom dia, no meu entender os assessores do presidente estavam muito mal informados, desinformação gera problemas, eu acho que foi isso que aconteceu.

  2. Vai ver o governo quer criar o novo padrão brasileiro ptv-

  3. Olá, sou da produtora HDVideo, uma produtora de vídeos de show musicais que explorará todos os recursos avançados da DTV+, como duas opções de som 5.1, além da opção do estéreo, e multi ângulo de câmeras, onde a pessoa pode escolher como assistir ao vídeo.
    Conversei com o pessoal da DTV+ e Zedia, gostaram de saber que tem produtora voltada a exploração destes recursos avançados da DTV+, e estamos estudando a melhor forma de explorar estes recursos.
    Parabéns pela revista HT, que acompanho desde o início, assim como também acompanhei, desde o início a revista Video News, que tenho muita saudade.

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