A competição entre Coreia do Sul e China pelo domínio do mercado de TVs não é nova. Tratamos dela aqui desde 2016, quando a TCL decidiu se internacionalizar e comprou a divisão de displays da japonesa Toshiba. De meros fornecedores de painéis, os chineses se tornaram “donos” de várias marcas japonesas e passaram a incomodar os vizinhos coreanos.

Agora, acompanhamos a cada trimestre as estatísticas sobre vendas da indústria para o varejo nas principais regiões consumidoras do planeta. Uma das fontes mais confiáveis são as pesquisas da consultoria Counterpoint Research, que tem sede em Hong Kong e pesquisadores em vários países para monitorar os passos da indústria.

Os dados do segundo trimestre de 2025 saíram na semana passada, mostrando novo avanço das chinesas TCL e Hisense contra as coreanas Samsung e LG. No primeiro trimestre (vejam aqui), os números já revelavam a tendência, embora a Samsung continuasse com folga em primeiro lugar em quase todas as categorias de TVs.

Agora, a categoria que hoje mais motiva os fabricantes – as chamadas “TVs Premium”, telas acima de 75″ e com recursos mais avançados – começa a ser dominada pelas duas chinesas. Esse micro-segmento de mercado, embora não seja o que vende maiores volumes, é crucial na disputa porque, além de render margens de lucro mais altas, serve como “vitrine” de uma marca.

O novo relatório da Counterpoint analisa sete categorias de TVs: OLED, QD-OLED, MicroLED, MiniLED, QLED, NanoCell e 8K. Todas elas organizadas por marca, tamanho e resolução. Ao todo, foram pesquisadas 22 marcas em oito regiões do planeta. Uma das conclusões é que as TVs Premium (Advanced TVs) cresceram 40% em vendas por unidade nos 12 meses encerrados em junho (21% em receitas).

O gráfico acima mostra a evolução do faturamento dos fabricantes com TVs premium em cada região. As únicas onde não houve crescimento foram América do Norte, talvez já reflexo das tarifas do governo Trump, e Japão. Na América Latina, por exemplo, os números foram de 65% em unidades e 40% em receitas; e na China, incríveis 85% e 35%, respectivamente.

Um detalhe interessante que o relatório aponta é a diferença de estratégia entre coreanos e chineses. Enquanto Samsung e LG apostam na tecnologia OLED, TCL e Hisense simplesmente ignoram essa categoria, concentrando-se no aperfeiçoamento (e barateamento) das TVs MiniLED. O resultado foi o que vemos nos gráficos acima: em junho de 2o24, MiniLED ultrapassou OLED e vem crescendo nos últimos trimestres. À esquerda, o comparativo em unidades vendidas; à direita, em receitas.

No total, as vendas de MiniLED dobraram em 12 meses, enquanto as de OLED estagnaram, diz o relatório. Nessa categoria, a Samsung liderou até início de 2024, quando foi ultrapassada pela TCL, depois pela Hisense e por outra chinesa em ascensão, a Xiaomi, ou seja, as três marcas mais vendidas no maior mercado do mundo, que é o chinês.

Mais detalhes sobre o relatório da Counterpoint referente ao segundo trimestre podem ser encontrados neste link.

 

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

2 thoughts on “TVs e a disputa entre as marcas

  1. Sobre o grafico do faturamento dos fabricantes com TVs premium, o nao crescimento na America do Norte nao pode ser creditado às tarifas de Trump, porque essa queda ja vinha desde o Q4 (ultimo trimestre) de 2024, ainda com Biden e antes de Trump assumir. Pelo contrario ate, depois que Trump assumiu esses numeros voltaram a crescer e se recuperar, principalmente no segundo trimestre (Q2) de 2025. Nao esquecer tambem que empresas coreanas e chinesas, como a Hisense, possuem fabrica nos EUA.

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