tv-paga2.jpgTV por assinatura no Brasil não era um bom negócio até pouco tempo atrás. Todo mundo sabe que brasileiro é louco por televisão. Mas não exatamente o modelo de televisão que pagamos para ver. Ao contrário dos argentinos, por exemplo, a maioria dos brasileiros não gosta de pagar. Por nada. Menos ainda quando pode assistir de graça aos excelentes programas exibidos em nossa TV aberta (não estou brincando; para o nível médio da população, coisas como Big Brother, O Aprendiz e qualquer programa de auditório são mais do que apropriados).

Bem, mas o assunto não é esse. Quero falar sobre o conflito que envolve as operadoras de TV paga diante da proibição de cobrança do ponto extra, determinada esta semana pela Anatel, após fortes pressões do Ministério Público e de grupos de defesa do consumidor. A ordem é não cobrar pelo menos durante 60 dias, até que a Anatel encontre uma saída para esse impasse. Mas a ABTA (Associação Brasileira das Empresas de TV por Assinatura) promete que não irá cumprir. E tem lá suas razões: cada ponto extra custa ao assinante, em média, R$ 30; se existem 5 milhões de assinantes, como afirmam as operadoras, temos aí, por baixo, uma receita de R$ 150 milhões, algo que não é de se jogar fora.

Para um setor que até outro dia não conseguia sair do vermelho, como é o caso das operadoras, abrir mão dessa receita agora é algo que nem passa pela cabeça de seus executivos. Embora esses 5 milhões de assinantes ainda sejam amendoim diante do universo de casas com TV no País, o serviço de TV paga brasileiro não deve se expandir muito porque é um dos mais caros do mundo. Entre outros motivos, por ser extremamente concentrado – hoje, divide-se entre dois grupos, Globo e Telefonica, cada qual com seus sócios.

Meu palpite nesse jogo: a Anatel vai continuar fingindo que defende o consumidor. Mas só por algum tempo. E, se não puderem mesmo cobrar pelo ponto extra, as operadoras irão simplesmente aumentar as mensalidades. Simples assim.

O que sustenta o setor é o crescimendo da banda larga. A propósito, sugiro a leitura deste ótimo artigo, de Samuel Possebon, do Tela Viva News, para entender como funciona o setor de TV paga.

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