A pergunta acima está num relatório divulgado no ano passado pela DisplaySearch, uma das mais respeitadas empresas de pesquisas de mercado para a indústria eletrônica. E continua válida: fabricantes preparam o lançamento dos primeiros TVs 4K, com resolução quatro vezes mais alta que os atuais Full-HD, com previsão de lançamento no final deste ano. E, no entanto, ninguém ainda consegue enxergar um mercado para esse tipo de produto! Por que, então?

Para encontrar uma resposta, precisamos relembrar o que aconteceu com os avanços introduzidos nos últimos anos: a alta definição, os displays LED-LCD, o 3D, os Smart TVs. Tudo isso surgiu como grande inovação e em pouco tempo tornou-se commodity, com preços em queda e a maioria dos fabricantes e o varejo reclamando das baixas margens de lucro. Segundo Paul Gray, diretor da DisplaySearch, nos países da Europa Ocidental, que compõem o terceiro maior mercado do mundo (atrás apenas de Estados Unidos e China), os TVs HD ainda representam apenas 1/3 das residências. Ou seja, haveria muito a crescer.

Como não consegue fazer dinheiro com os TVs atuais, a indústria busca inovações que justifiquem preços (e margens) mais altos. A resolução 4K seria uma delas, sem dúvida. Quem já viu pode testemunhar: a qualidade das imagens é estonteante, com seus 3.840 x 2.160 pixels (vejam este vídeo). Só que, para perceber a diferença em relação ao Full-HD (também chamado 2K), é preciso chegar muito perto da tela. Os técnicos da DisplaySearch montaram até um quadro ilustrativo a respeito:

Vejam que, para um TV de 55 polegadas, a diferença de resolução só se faz notar a uma distância de aproximadamente 2m70; num TV Full-HD (1080p) do mesmo tamanho, consegue-se identificar os pixels que formam a imagem à distância de 5m20, aproximadamente; já na imagem HD (768p), pode-se ficar até a 7m50 do TV que o efeito é o mesmo.

A resolução mais alta poderá ser útil, por exemplo, para os fabricantes de TVs 3D do tipo passivo, em que a imagem é dividida em duas (uma para cada olho). Acabaria o questionamento em relação à nitidez desses aparelhos, pois cada imagem chegaria aos olhos com exatamente 1080 pixels. É o caso da LG, por enquanto o único fabricante que defende abertamente os TVs com óculos passivos – embora Raymond Soneira, da empresa especializada DisplayMate, que realiza regularmente testes comparativos de displays de todos os tipos, tenha escrito este artigo defendendo que os TVs passivos são melhores que os ativos (vejam aqui o comparativo que fizemos em nossa sala de testes, meses atrás).

Em suma, pode ser cedo ainda para o lançamento dos TVs 4K. Mas quando será a hora certa? Ninguém sabe.

5 thoughts on “TV 4K, para quê?

  1. Olá,Orlando!Infelizmente sou obrigado a discordar da afirmativa de que num tv de 55″ se consiga visualizar os pixels a partir de 5,2m para imagens full-hd.Isso só seria possível com binóculos(rs).Minha tv 58″ fica a 2,5m e não é possível identificar pixel algum a essa distancia(e olha que minha visão é excelente)Abraço:Rubens.

  2. Também achei esta tabela bem estranha…

    Vejo como único “benefício” a possibilidade de usar estas linhas de pixels a mais para o 3D em TVs com óculos passivo, mas no fundo, concordo com o pessoal da DisplayMate. O 3D passivo já está bom agora com 1080 linhas divididas, não precisa mais resolução para uma sala de tamanho “normal”.

    Hoje temos TVs full HD em casa e a maior parte do conteúdo ainda é sub-SD. Alguns canais por assinatura são muito piores do que o Youtube em resolução SD. Quem vai comprar uma TV cara em função de um recurso para o qual não há conteúdo?

  3. Ou seja, pelo que entendi. Uma TV full HD ou a tal 4K, e apenas uma jogada de marketing. Pois como não há conteúdo disponivel, não tem como aproveitar.
    Entao só lançam isto para pegar dinheiro dos idiotas ? Nao sou contra tecnologia, muito pelo contrario. Mas o bom senso não esta prevalecendo. Por que alega-se de margens pequenas? Para se ganhar mercado tem que ser o mais abrangente possivel, e não estorquir dos que se aventuram a comprar…

  4. A TV4K se mostra como o SACD ao meu ver, nesse momento parece mais um segmento especifico como é o SACD, tenho um reprodutor SACD que investi muito, mas o conteúdo é pouco e quando encontro de alto valor, o que inviabiliza o uso.
    Concordo com o comentário do Luis Gomes, necessitamos de tecnologia mas acho que o tempo entre uma mudança de tecnologia tem sido muito pequeno, sequer o mercado absorveu o padrão 2K ainda temos televisores de CRT a venda!!!!
    O mesmo acontece com o Dolby Digital são poucos consumidores que se estão dispostos a pagar mais de R$ 3K em um receiver com DD TRUE HD, os fabricantes continuam a lançar HT inbox somente com DD e usam isso como forte apelo de marketing para vender, e as consumidores que compram estão muito satisfeito com o que o produto entrega.

  5. Bom, fazendo um “catado”, inclusive dos colegas que comentaram, também considero que o 4K fique um bom tempo atendendo a um nicho, que busca a vanguarda tecnológica e a estude de forma que consiga dela tirar o proveito prometido.

    A maioria dos consumidores não possui conhecimento e/ou critérios para avaliar as diferenças de imagens. Nem mesmo tentam fazer configurações para obter melhoria de imagens em seus aparelhos! Afirmo isto baseado no fato de não haver encontrado em meu serviço – empresa de TI – entusiastas de audio e vídeo e todos com quem conversei disseram nunca nem terem tentado melhorar a imagem com as configurações do TV. E olha que me considero um neófito entre os neófitos! (ainda me perco com alguns comentários deste blog, rs)

    Vamos acompanhando de perto, né?

    Abs!

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