Guerra dos aplicativos entre Google e Apple

Por Amir Efrati

A Google está contratando dezenas de desenvolvedores de software para criar aplicativos para smartphones e outros aparelhos portáteis, com o objetivo de enfrentar a Apple. São engenheiros de software, gerentes de produto e especialistas em interface do usuário, que agora se juntam a outros funcionários da empresa, remanejados para essa mesma área.

Não é coincidência. As receitas com os chamados apps em todo o mundo deverão triplicar este ano, atingindo a marca de US$ 15,1 bilhões, o que inclui os downloados pagos e o faturamento publicitário gerado pelos free apps, que ão aplicativos baixados de graça na internet.

A previsão é da empresa de pesquisas Gartner, concluindo que, além do dinheiro vindo diretamente dos apps, a qualidade desses softwares pode ajudar nas vendas de aparelhos que utilizam o Android, sistema operacional da Google criado para roubar mercado do iPhone e do iPad. Por enquanto, essa guerra está longe de ser vencida: enquanto existem pouco mais de 100 mil aplicativos para Android, os usuários de produtos Apple já podem contar com mais de 350 mil.

A estratégia da Google parte do princípio de que a adoção em massa do Android levará inevitavelmente a um maior número de acessos a seu serviço de busca, que é a maior fonte de renda da empresa. O objetivo é usar atrações como games do tipo Angry Birds, um dos sucessos do momento, e redes sociais como Foursquares, na qual o usuário pode “se encontrar” com amigos em parques, lojas ou qualquer espaço público.

Todo esse esforço será comandado pelo co-fundador da Google, Larry Page, que a partir de abril assume o cargo de CEO, que hoje pertence a Eric Schmidt. “Tudo que vamos fazer daqui por diante será direcionado aos aparelhos móveis”, disse Schmidt recentemente através de seu blog pessoal. “Da geolocalização à navegação da internet, podemos oferecer informação personalizada sobre onde as pessoas estão e o que podem fazer naquele momento”.

Neste início de ano, já existem mais de 150 aparelhos, de várias marcas, funcionando com Android, e algumas empresas de pesquisa dizem até que o sistema operacional já é tão aceito nos EUA quanto o da Apple. Com planos de contratar aproximadamente 6 mil pessoas este ano, a Google está agitando o segmento de desenvolvedores. Milhares deles estão deixando seus bons empregos para montar um negócio próprio, e a possibilidade de trabalhar para a empresa de Mountain View é um forte atrativo. “Hoje é mais fácil conseguir um trabalho assim do que era há alguns anos atrás”, comenta Sam Altman, que fundou a Loopt para atuar na área de redes sociais móveis e já tem 4 milhões de usuários.

* Texto publicado no THE WALL STREET JOURNAL em 20/02/2011