“OLED é a melhor tecnologia para displays”

Por Ron Mertens*

Em meio às polêmicas sobre os diversos tipos de display hoje disponíveis, e qual deles irá dominar o mercado no futuro, fomos conversar com um dos maiores especialistas do mundo na matéria: Barry Young, diretor e cofundador da OLED Association, entidade que normatiza e promove o uso dessa tecnologia. Fundada em 2007, a Associação conta atualmente com 18 empresas filiadas, incluindo os principais fabricantes de aparelhos e componentes para essa aplicação. Nesta entrevista, Young fala do estágio atual do mercado de OLED e suas perspectivas futuras:

P – Qual é sua expectativa para o mercado de TVs OLED nos próximos anos? A LG continuará sendo o único fabricante, ou Samsung e talvez outros também entrarão na disputa?

R – A LG decidiu adotar a tecnologia do “OLED branco” e vem sendo bem sucedida, enquanto a Samsung escolheu o SMS (Small Mask Scanning), que se mostra muito mais caro. Mas a Samsung não desistiu, ao contrário, colocou seus técnicos de volta ao laboratório para encontrar uma solução mais eficiente do ponto de vista econômico. A LG já lançou modelos de 55, 65 e 77 polegadas, em resoluções Full-HD e Ultra-HD. No início, seram baixos volumes e altos índices de perda nas linhas de produção, o que tornava os custos muito altos. Mas agora eles conseguiram um aproveitamento melhor, na casa dos 80%, e os preços estão caindo. Acreditamos que sua nova fábrica de produção em massa esteja ativa em 2015, com capacidade para 1,5 a 1,8 milhão de displays por ano. Será um produto para o segmento high-end, até que os custos de produção caiam para os níveis atuais do LCD.

P – Também estão aparecendo no mercado os OLEDs flexíveis, baseados em material plástico. Como acha que esse segmento irá se desenvolver?

R – Hoje, temos esse interesse todo pelos relógios inteligentes, nos quais os OLEDs flexíveis são muito úteis devido a sua robustez e baixo consumo de energia. Com o tempo, deveremos caminhar para aplicações mais substanciais. A Samsung, por exemplo, já está concluindo sua fábrica de 6a. geração, dedicada aos displays flexíveis, ou seja, podemos esperar por produtos ainda mais robustos e moldáveis, o que abrirá espaço para novas aplicações. Pense, por exemplo, em displays de grande porte para uso em painéis de automóveis, moldados de acordo com o desenho do painel e as cores do veículo. Ou displays que se dobram, ou se enrolam, em lojas, shoppings, estações e aeroportos. Ou ainda TVs que você pode enrolar e levar num pequeno tubo, para abrir sobre a parede quando chega em casa. As oportunidades são infinitas, não haverá limitações à criatividade dos designers.

P – Há pouco tempo, o presidente da Apple afirmou que os displays OLED não têm o mesmo desempenho daqueles que a empresa utiliza. O que acha disso?

R – Foi uma declaração infeliz. A própria Apple está sendo forçada a mudar de posição, a partir do momento em que sua equipe técnica escolheu painéis OLED da LG para o relógio smart que será lançado em breve. Além disso, até os críticos da tecnologia recentemente reconheceram que o melhor smartphone, o melhor tablet e o melhor TV são OLED. Esperamos que agora a Apple utilize sua incrível criatividade para aproveitar as características únicas do OLED e desenvolva novos produtos, não fique apenas pensando no tamanho dos displays.

P – Muitos acham que as luzes OLED também estão a ponto de tomar conta do mercado. Acredita que isso aconteça já em 2015?

R – Existe certa confusão quando se fala em sistemas de iluminação. Há inúmeras aplicações, e soluções específicas para cada uma, em termos de preço e performance. Está claro que OLED não irá competir com os dispositivos de led não orgânicos. O maior mercado do mundo, em volume, está na substituição das lâmpadas incandescentes pelos leds. E não há razão para se trocar essas lâmpadas por OLEDs. Observe: elas requerem proteção contra aquecimento e excesso de brilho; OLED apresenta baixíssimos calor e brilho. Já as lâmpadas fluorescentes têm o inconveniente do ruído, o amarelamento da luz e o uso de mercúrio; OLED não tem nada disso, nem exige difusores dispositivos ópticos ou outros componentes de suporte necessários aos leds. Se fôssemos usar OLED como se usam os leds, não seria na forma de lâmpadas; teria que ser inventado um dispositivo diferente.

P – Então, não há espaço para o uso de OLED como fonte de iluminação?

R – O que quero dizer é que a tecnologia OLED precisa encontrar seu nicho, e inicialmente será em aplicações onde o fator forma e o controle do calor sejam prioritários. No entanto, a indústria de iluminação tem feito enormes progressos no uso de OLED nos últimos três anos. Empresas como a LG Chemical estão produzindo painéis com 3.000 cd/m2 (candelas por metro quadrado) e até 40 mil horas de vida útil, quando há um ano e meio os limites eram de 1.000 cd/m2 e 20 mil horas. Grandes fabricantes de luminárias já estão percebendo isso e nos próximos dois anos deveremos ter no mercado novidades como as lâmpadas flexíveis.

P – Semanas atrás, discutimos a possibilidade de surgirem monitores e laptops OLED. Por que esses produtos ainda não foram lançados?

R – Por enquanto, ainda não consigo enxergar grandes benefícios nessas aplicações. Quando falamos em displays grandes é que OLED se sobrepõe ao LCD. Portanto, a não ser no caso de monitores voltados a aplicações de cinema, não acredito que os fabricantes de OLED vão se interessar por esse segmento. Pelo menos, não até que os custos de se produzir OLED nesses tamanhos seja comparável aos dos LCDs atuais.

*Artigo publicado originalmente no site OLED-Info. Clique aqui para ler o original na íntegra.