Painéis Quantum Dots chegaram para salvar a tecnologia LCD

Por Sweta Dash*

        A tecnologia LCD (Liquid Crystal Display) está enfrentando desafios no mercado, apesar de seu domínio e da longa história de sucesso. Com a concorrência crescente, os fabricantes vêem cair suas margens e partem em busca de alternativas como as resoluções mais altas (4K, 8K), maior gama de cores (Wide Color Gamut), gama dinâmica e melhores níveis de luminosidade (HDR).

        Fornecedores de displays LCD tentam reduzir a diferença de performance em relação aos OLED. Esta tecnologia emerge como sendo a próxima geração, especialmente para smartphones, vestíveis e aplicações de realidade virtual, e roubando mercado do LCD. Será que a tecnologia de quantum dots conseguirá resgatar o LCD, ajudando-o a se reinventar e voltar a crescer?

         Bem, o LCD já teve que se reinventar no passado. Foi a tecnologia que substituiu os antigos tubos CRT com painéis planos, mais finos e leves. Depois, ao introduzir os backlights de leds em lugar das antigas lâmpadas CCFL, acabou ganhando a batalha contra o plasma, apesar que sua qualidade considerada inferior, porque apresentava menor consumo de energia, maior variedade de tamanhos e economia de escala.

 

“Com os displays QD, os

fabricantes querem criar

um novo ciclo de crescimento

estimulando o consumidor

a trocar de TV”.

 

        Plasma e CRT eram displays do tipo “emissivo”, assim como OLED, este convertendo energia em luz diretamente a partir de cada pixel. OLED também é superior ao LCD, em termos de nível de preto, contraste e ângulo de visão lateral. No entanto, embora seja uma desvantagem técnica, o fato de ser dependente de backlight pode ter atuado como um trunfo do LCD.

        Com o uso de leds, os TVs LCD acabaram criando um ciclo de crescimento ao estimular a troca constante de aparelho. A fórmula vitoriosa era “qualidade de imagem suficientemente boa” com “preço competitivo”. Não apenas revolucionou o mercado de TVs como se espalhou por todas as demais aplicações, como monitores, notebooks, telas industriais, equipamentos médicos, consolidando a tecnologia. Os painéis QD (Quantum Dots) têm tudo para levar a um novo ciclo de crescimento, gerando demanda para substituir os modelos anteriores.

        A adoção de resolução mais alta, novos processamentos de cores (WCG) e a codificação HDR permitem ao consumidor enxergar e experimentar as reais diferenças de performance. Os pontos quânticos vão ainda mais longe, com níveis inéditos de luminosidade.

        Um TV HDR QD pode exibir picos superiores a 1.000 cd/m2 (candelas por metro quadrado) gastando menos energia do que um LED-LCD convencional. Chega a superar OLED em aspectos como volume de cor e luminância. E a LG ainda é a única fabricante de OLED, enquanto Samsung, Sony, TCL e outras estão no segmento QD. Isso significa que a capacidade de produção do OLED continuará sendo restrita por algum tempo.

 

“Painéis de pontos quânticos

devem ganhar o segmento

de telas grandes, enquanto

OLED irá dominar

os dispositivos móveis”.

 

        Um segmento que certamente dará impulso à tecnologia QD é o de games. A Nvidia demonstrou um monitor 4K HDR com incríveis brilho, contraste e gama de cores, que utiliza um backlight do tipo full-array com 384 zonas. Atinge 25% mais espaçamento de cores que os modelos sRGB e é compatível com o padrão de cinema DCI-P3. Asus, Acer e Samsung estão introduzindo produtos similares, e outros fabricantes devem fazer o mesmo.

        Todos esses monitores high-end são direcionados aos gamers, assim como fotógrafos e designers. Na verdade, o tablet HDX, da Amazon, já usava pontos quânticos em 2013, só que até agora essa tecnologia não foi capaz de penetrar no segmento de laptops, tablets etc. Talvez devido ao custo mais alto.

        Enquanto isso, o setor de smartphones está amadurecendo. O crescimento é menor e os fabricantes procuram focar em diferenças de design; nesse ponto, a tecnologia OLED leva vantagem devido à solução dos displays flexíveis e ao menor consumo de energia, e deverá tirar mercado do LCD. Assim, teríamos este último dominando o segmento de telas grandes, ficando OLED com o de dispositivos móveis.

        Além da Samsung, que adquiriu a Nanosys, dona da patente QD, esta tecnologia se desenvolve rapidamente, graças a outros grandes grupos de fabricantes, como 3M, Hitachi Chemical, Merck, Dow e Wah Dong. Se a primeira geração de displays QD trouxe melhorias nos backlights, a próxima – a ser lançada em 2019 – poderá substituir os filtros de cores por uma camada de dots ativos, aprimorando os ângulos de visão lateral e ganhando mais eficiência no consumo de energia.       

*A autora é fundadora consultoria Dash-Insights, especializada em displays. Para ler o artigo original, clique aqui. © DISPLAY DAILY