O governo da Coreia do Sul anunciou na semana passada a criação de um fundo para financiar um programa de fabricação de displays OLED flexíveis e transparentes. O objetivo é entregar os primeiros exemplares, de 60 polegadas, em 2017. O projeto será tocado pela LG Displays, em parceria com uma empresa local chamada Avaco, sob supervisão direta do Ministério da Economia do Conhecimento – sim, lá eles têm esse órgão, com poucos funcionários mas atuando na linha de frente do desenvolvimento tecnológico. Depois de vários estudos, o governo coreano escolheu alguns segmentos como chaves para alavancar a economia do país, e a tecnologia OLED é um deles.

As estimativas indicam que o projeto, chamado FFP (Future Flagship Program), irá gerar 840 mil novos postos de trabalho e proporcionar receita de US$ 56 bilhões em exportações. Pelas informações disponíveis, uma fábrica-piloto começa a funcionar ainda este ano, devendo liberar os primeiros produtos em 2014. É importante lembrar que estamos falando de um tipo distinto de OLED. Os painéis usados nos TVs que a LG promete lançar comercialmente em breve são do tipo WOLED (conhecido entre os especialistas como “OLED branco”), que utiliza filtros de cores; os futuros painéis são do tipo PCS (Polymide Coated Substrate), com subpixels nas três cores primárias, dispensando o uso de filtros e, por isso mesmo, tidos como capazes de gerar imagens de melhor qualidade.

Além do que a notícia significa em termos de avanço tecnológico, é interessante ressaltar o papel do governo coreano no projeto. A indústria de ponta na Coreia do Sul sempre contou com fortes subsídios estatais, o que, embora aumente a concentração em torno de pouquíssimas empresas, sem dúvida ajuda a acelerar o ritmo de inovação. Isso vem desde os anos 1950, logo após a guerra que dividiu o país entre Coreia do Sul (capitalista) e Coreia do Norte (comunista). Enquanto esta manteve-se praticamente parada no tempo, sustentada pela China, a primeira elaborou um detalhado plano de desenvolvimento, apoiado em forte presença do governo e investimento maciço em educação de base. Segundo alguns estudiosos, a renda per capita da Coreia do Sul naquela época era equivalente à do Brasil (hoje, é duas vezes maior, com população quatro vezes menor). Grande parte dos executivos que hoje estão no comando das empresas coreanas era criança quando esse processo começou – o que explica o fato do país ter se transformado em campeão de inovações.

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