Lembrei hoje da velha história do “elefante que incomoda muita gente”… Pois é, só que este é um elefante branco, e daqueles! Já comentei aqui, tempos atrás, sobre a Eletronet, que era para ser uma gigante do setor de telecomunicações na década de 90 e acabou falindo. O imbroglio está até hoje na Justiça. Na semana passada, o presidente Lula queixou-se em público da demora em resolver esse problema, alegando que queria retomar a Eletronet para poder “levar internet banda larga para onde a gente quiser”. Só recordando: a Eletronet era uma estatal que foi privatizada com financiamento público, mas o Ganhador (no caso, merece a letra maiúscula) ficou com o dinheiro – “apenas” R$ 600 milhões – e abandonou a empresa com suas dívidas. Lula agora quer recomprá-la para que volte a ser estatal, mas trata-se de um escândalo tão grande que nenhum juiz sério irá autorizar.

A queixa do presidente aconteceu em discurso, durante cerimônia de entrega de computadores a escolas, no Rio de Janeiro. Ao lado do governador Sergio Cabral, Lula soltou esta: “Vou ver se o Cabral conhece quem é o juiz que está com essa ação”. Simples assim. Segundo ele, estão sendo entregues 5.500 computadores a escolas públicas do Estado. E a rede da Eletronet serviria para levar banda larga às áreas rurais. Se o tal juiz der um jeitinho, quem sabe…

Nenhuma palavra sobre o treinamento dos professores e alunos, para que possam usar os tais computadores (se é que estes realmente chegarão). Muito menos sobre como fazer funcionar uma rede de banda larga a partir de uma estrutura falida, se nem mesmo nas grandes cidades o governo consegue fiscalizá-las. E menos ainda sobre como reaver o dinheiro do financiamento, cujo dono é um amigo do Rei.

Bem, estes são apenas detalhes sem importância. Os pobres professores e alunos das escolas públicas cariocas talvez acreditem em Papai Noel. Não custa tentar. Cara-de-pau existe para isso mesmo.

2 thoughts on “O elefante e a cara-de-pau

  1. Atenção distribuidores de computadores: Preencham fixa de filiação no ParTido onde tudo pode…

  2. Esse “Governo” não para de me surprender;quando acho que o mesmo atngiu o ápice das atitudes suspeitas ele me surpreende com uma falcatrua ainda maior…

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