Só para confirmar meu comentário de ontem, leio hoje na Folha de S.Paulo excelente reportagem de Sheila D´Amorim sobre os bastidores do empréstimo do Banco do Brasil à Oi/Telemar. Com essa, digamos, ajudinha de R$ 4,3 bilhões, a Oi não apenas se torna a maior tomadora de empréstimos do BB, como ultrapassa todos os limites antes estabelecidos para negócios do gênero. Notem bem: BB significa Banco do Brasil (sustentado por dinheiro público – e quanto dinheiro!), não “Banco da Oi”.

Por causa da Oi, o Banco criou uma categoria especial de clientes, definida como “estratégicos”, por representar áreas em que as perspectivas de crescimento nos próximos anos são muito boas. Pelo menos, é assim que a diretoria do BB define o setor de telefonia. Essa mesma diretoria havia fixado um teto de 10% do seu patrimônio de referência para concessão de empréstimos. Como o patrimônio do BB é avaliado em R$ 36,4 bilhões, nenhum financiamento poderia ser maior do que R$ 3,6 bi. A regra, portanto, foi quebrada para favorecer a Oi.

Um analista de mercado ouvido pela repórter da Folha comenta que o BB poderia ganhar mais dinheiro emprestando no varejo, mas por alguma razão insondável decidiu aprovar a ajuda à operadora. Claro, jamais ficaremos sabendo na íntegra os detalhes desse tipo de operação. Mas o que me intriga – além do escândalo em si que é um banco estatal dar dinheiro a uma empresa privada em meio a uma investigação criminal – é saber que a fusão da Oi com a Brasil Telecom ainda nem foi aprovada legalmente; precisa do aval da Anatel e do Cade. O que acontecerá se um desses órgãos votar contra o negócio?

Não se preocupe, caro contribuinte. O dinheiro a essa altura já terá sido liberado e estará muito bem guardado. Você, com seus impostos, vai pagar essa conta e nem vai perceber. Ou vai?

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