No momento em que escrevo, acontece em Brasilia uma reunião do grupo que foi formado pelo governo para detalhar o Plano Nacional de Banda Larga, já comentado aqui algumas vezes. O coordenador do grupo chama-se Cesar Alvarez, que oficialmente é o responsável pelos projetos de inclusão digital do governo federal. Vamos ver o que sai desse encontro. Mas este é um tema que interessa a todo mundo, portanto sugiro que quem quiser opinar a respeito informe-se bastante e participe dos vários fóruns de discussão que estão surgindo (este aqui é apenas um deles).

Como subsídio, recomendo a leitura de extensa reportagem publicada no Estadão desta segunda-feira (deve estar no site do jornal mais tarde). O jornal contesta a pretensão de levar banda larga “para todos”, como anunciou o presidente Lula, partindo de um dado concreto: hoje, 94,2% dos brasileiros não tem acesso a esse serviço. E, como sabemos, os poucos privilegiados que têm, sofrem no dia-a-dia com as panes e quedas de sinal. O discurso oficial é este: “Em cinco anos, a banda larga atingirá um percentual significativo de domicílios, todas as escolas urbanas e órgãos públicos do Brasil. Poderemos estar entre os dez países com maior penetração de banda larga no mundo”. Palavras de Augusto Gadelha, secretário de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Cinco anos? Só mesmo pagando pra ver. Enquanto isso, vale a pena comparar nossa situação com outros países que já se mobilizaram para ter banda larga há mais tempo, e a custos acessíveis pelo menos à maioria da população. Vejam o levantamento feito pelo mesmo Estadão, considerando os itens “porcentagem de domicílios com banda larga”, “velocidade média das conexões” e “custo médio por Mbps”:

JAPÃO: 64% – 60Mbps – US$ 0,27

CORÉIA DO SUL: 97% – 46Mbps (custo não disponível)

SUÉCIA: 69% – 18Mbps – US$ 0,63

FINLÂNDIA: 80% – 22Mbps (custo não disponível)

ITÁLIA: 50% – 4Mbps (custo não disponível)

EUA: 80% – 4,8Mbps – US$ 3,33

FRANÇA: 70% – 17,6Mbps – US$ 1,64

Outro dado interessante: segundo o Banco Mundial, a cada 10% de aumento no número de acessos à banda larga, o PIB de um país aumenta, em média, 1,3%. O que estamos esperando?

7 thoughts on “Banda larga para quantos?

  1. Levando em conta o mais caro:

    EUA: $ 3,33 por Mbps, convertido em reais dá aproximadamente R$ 5,70.

    Brasil: Velox de 1Mbps > R$ 100,00.

  2. Depende do local amigo

    No interior do Rio, que inclui baixada fluminense, onde resido, os valores estão nesta ordem:

    1 – Velox 300kbps (incrível que esta velocidade ainda exista): R$62,90

    2 – Velox 600kbps (incrível também): R$89,90

    3 – Velox 1mbps (que na verdade é 120kbps, já que as operadoras são cheias de direitos e nós de deveres): R$149,90

    A única forma de se ter um desconto temporário desse serviço imundo é ameaçando pular fora do “barco furado” (cancelar o serviço) que é a Oi.

    Sei que questionar preços não é inteligente. Mas quando você vai à uma loja comprar uma Ferrari, você leva uma FERRARI com tudo o que ela representa. E não importa o custo, pois o prezer em tê-la e movê-la suplantará qualquer valor.
    Agora comprar uma Ferrari que anda e faz barulho de fusca, faz com que qualquer um ache um absurdo por causa do preço pago.

  3. Renato

    O que quis dizer é que aqui uma velocidade de 1Mbps custa mais do que R$ 100,00. Salvo a GVT, Speedy e outras.

    O problema é que aqui onde resido, ou é velox, ou é 3G ou via rádio. Tem a Embratel também que pretendo experimentar, que embora seja cara como a OI, acho que o serviço e velocidade devam ser melhores.

    E nem diria que acho incrível que 300 e 600kbps ainda existam, o que acho incrível mesmo é o valor cobrado. A conexão de 300kbps devia custar no máximo uns R$ 20,00, assim muita gente poderia usufruir da banda larga.

    Abraço

  4. Teoricamente é fácil oferecer um serviço de boa qualidade em internet, basta ter:

    1-Garantia de pelo menos 80% da velocidade prometida, pois que me desculpe a Sra. Emilia Ribeiro, Conselheira da Anatel (para ela as operadoras deveriam fornecer, no mínimo, 50% da velocidade contratada nos planos de banda larga), mas não quero pagar por 1Mbps e receber 500Kbps;
    2-Acabar com vendas casadas de verdade, não do jeito que é hoje, onde há previsão legal no Código do Consumidor mas ninguém obedece por não haver fiscalização! A gente tem que contratar a telefonia fixa para ter a internet e somos obrigados a contratar um provedor de conteúdo, com e-mail, chat e todas as baboseiras…como se fosse necessário, essencial para usar a banda larga. Ora, e-mail já tenho vários com muitos gigas de espaço disponível, chat temos em vários blogs, iguais ou até melhores que os de provedores como Uol, Terra, Globo…Não tenho que pagar mais para ter acesso a conteúdo, a internet é gigantesca, vasta em conteúdo!!!
    3-Garantia de estabilidade, com regras claras de punição, inclusive com multas para as operadoras e isenção de pagamento dos consumidores pelo tempo de desconexão, para manutenções não comunicadas, deixando o cliente desconectado e mesmo para interrupções não previstas;
    4- Garantir boa velocidade de Upload e exterminar a prática de Traffic Shaping: As velocidades anunciadas pelas operadoras são relativas aos downloads, desta forma há no país empresas que oferecem 1Mbps de velocidade, porém isto refere-se à velocidade máxima obtida num download, no caso do upload essa velocidade muitas vezes não passa de 128Kbps, o que significa que o usuário pode até fazer downloads rápidos, mas não vai ter uma boa navegação, já que o envio de dados a partir do seu terminal é lento, isto sem falar na prática abominável e cada vez mais frequente do traffic shaping, o qual controla a largura de banda disponível
    limitando ou bloqueando o acesso às redes P2P, aplicações torrent, downloads…Desta forma as velocidades de uploads também deveriam ser garantidas nesta mudança nas regras da banda larga, com oferta de pelo menos 50% da velocidade de download ofertada pela operadora, onde também deveria haver garantia de velocidade mínima de 80% da anunciada para upload, ou seja, se está oferecendo 2Mbps de download (garantidos 80% – velocidade mínima de 1,6Mbps), tem que oferecer no mínimo 1Mbps de upload (com garantia de no mínimo 800Kbps de velocidade de upload), parece coisa de outro mundo, mas não é, é apenas oferecer uma qualidade mínima para os internautas brasileiros, coisa que japoneses, coreanos, suecos, italianos, americanos e até indianos e chilenos tem!E pagam bem menos por isso!!!

  5. Caro Lincoln Freireem, claro que estamos sabendo da sus queixas porque pagamos pelo serviço medíocre que é a nossa “banda larga”, mas o problema é muito maior, pois 94% não tem acesso, e isso é o grande problema, pois quando acontecer de termos banda e muitas conecções disponíveis, irá acabar com o negócio da china que as operadoras morrem de medo de perder, pois tenho ” 4mb” telefonica, isso porque sou previlegiado de ter, mas as minhas necessidades são bem maiores exigindo mais banda, não tenho o costume de baixar nem filmes e nem música e não me interesso por conteúdo tipo “grátis”, pois trabalho muito e não gostaria que o meu trabalho fosse dado de graça seja para quem for.

    Mas como tudo na vida, tudo muda rapiddamente, mas as operadoras faram o possível para que se mantenha como está, pois quando tivermos down e upload de verdade, para que eu irei usar telefone fixo, uso o meu note sem problemas, vc imagina o pesadelo das 3 operadoras vendo o seu imenso lucro indo embora nos cabos de fibra ótica que o governo ( se DEUS quiser ) irá disponibilizar, não somente para as grandes, mas para a ultima milha, na qual não interessa para as grandes, mas pode ser perfeitamente e economicamente viável para os pequenos distribuidores de internet, pô, eu eu sendo pequeno e tendo 1 ou 3 mil clientes satisfeitos não estaria bom, evidente que sim.

    Que o Governo libere o mais rápido possível esses cabos, que tenha um Estatal para regulamentar tudo mesmo, pois a privatização das teles deu no que deu, serviço lixo com preço de ouro.

  6. Caro Jlmartinsem, concordo totalmente com você no que diz respeito ao problema da oferta e “democratização da internet”, mas no meu comentário (Teoricamente é fácil oferecer um serviço de BOA QUALIDADE em internet), tratei apenas da questão da qualidade, senão do que adianta oferecer um monte de conexão que não funciona ou funciona muito mal?!!!

  7. Quanto à questão da manutenção da situação por parte das operadoras é uma visão míope, pois com mais pessoas enolvidas no processo de educação e desenvolvimento, mais “atores” participarão do progresso e principalmente consumindo mais diante deste progresso, uma banda MAIS larga e com “acesso democratizado” não fará as operadoras perderem dinheiro, elas apenas terõ que sair da zona de conforto e oferecer mais e melhores serviços, mas também ganharão mais dinheiro, em larga escala, video on demand, downloads de músicas, interatividade com a tv digital, principalmente a móvel, o céu é o limite…

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