Cada vez fica mais evidente que um grupo dentro do governo descobriu o mapa da mina da banda larga. Uma mina dourada. Em evento na semana passada, o presidente da Telebrás, Rogerio Santanna, apresentou detalhado diagnóstico sobre o setor, acusando frontalmente as operadoras. Li no site Pay-TV, pela enésima vez, a frase: “A banda larga brasileira é lenta, cara e concentrada”. Algo que dezenas de especialistas já disseram, muito tempo atrás. Agora, quem diz é Santanna, escolhido “criteriosamente” pelo presidente Lula para presidir a empresa que irá tocar o Plano Nacional de Banda Larga.

Santanna repassou dados mais do que conhecidos, do tipo: mesmo descontando os impostos, as tarifas cobradas pelas operadoras brasileiras são as mais altas do mundo; ou 33% das conexões oferecem apenas velocidade de até 256Kbps; ou ainda: as operadoras não investem como deviam em banda larga, porque as margens de lucro nos serviços de voz são muito mais altas.

Mesmo com todos esses dados, o presidente da Telebrás insiste que a banda larga pode dar lucro e incentivou representantes das pequenas operadoras, presentes ao evento, a apoiar o PNBL. É quase como querer acreditar em duendes. Quer dizer então que teremos banda larga rápida, barata e ainda por cima lucrativa? Alguém acredita?

Desconfio que esse pessoal andou fazendo uma conta bem peculiar. Posso estar enganado, mas os 5 a 7 bilhões de reais que, pelo discurso oficial, serão injetados pelo governo na Telebrás (via BNDES) cobrem com sobras o custo de reativação das redes de fibra óptica existentes. A empresa promete cobrar das pequenas operadoras o valor de R$ 230 para cada link de 1Mbps, deixando a elas a tarefa de levar a conexão até a casa do assinante (a chamada “última milha”). Para trabalhar com 1Gbps, por exemplo, cada operadora desembolsaria então R$ 230 mil. Se tivermos 500 operadoras regionais (há mais de mil pedidos na Anatel), a Telebrás fatura mais de R$ 100 milhões.

Agora o lado do consumidor. A promessa é vender conexões de 512Kbps por R$ 35. Com 1Gbps, atende-se dessa forma cerca de 2.000 domicílios, perfeitamente aceitável para um município de, digamos, 50 mil habitantes (ou 10 mil residências). Se cada assinante pagar R$ 35, a operadora receberá a cada mês em torno de R$ 70 mil. Em alguns meses estará quebrada, pedindo ajuda à própria Telebrás. Que poderá tomar posse da “última milha” e fazer com ela o que bem entender – inclusive vender para as grandes operadoras.

Será que fiz a conta certa?

2 thoughts on “A mina de ouro da banda larga

  1. Caro Orlando, Bom Dia..

    Como sabe, quando vc vc diz,”criériosamente” o Sr Rogério Santanna,se coloca como se ele fosse uma pessoa qualquer, ele tem conheçimento mais que suficiente para que esse cargo lhe fosse pertecente, e muitos que conheçe a tragetória do Rogério sabe muito bem do conheçimento tecnico que ele tem.

    Sabemos que quando o assunto de grande interesse vem a tona, é normal nós taxarmos tudo como se fosse uma coisa como “esquema” ou qualquer outro gênero, pois imagina se o governo não desse esse passo em querer acender as redes de fibras óticas pertencentes a nós, com copoa e olimpíadas nas portas, pois sabemos a vergonha que é a velocidade de internet que temos, haja visto que quando ele se refere a 512kbps se diz a VELOCIDADE REAL, e não o que o mercado lança, como o nosso famigerado pmpo do audio, aonde se falava em numeros astronômicos pra encher os olhos de todos, a mesma coisa é com a nossa internet, visto que no meu caso pago por 4 mbps e recebo 412kbps, pagando a fortuna de R$ 125,00 mensais, ( isso porque moro na cidade de São Paulo ).

    Sabemos que os impostos são altos, quase todos desviados das mais diversas formas,o que onera mesmo o preço, mas pelo que as teles já fizeram ( nada por sinal ), se elas pensasse ao menos gastar 10, 15% em infraestrutura da renda delas, hj teríamos infra suficiente para atender a demanda.

    Claro que com a redução de impostos e uma campanha de todas as teles em ajudar o plano, logo estaríamos com a distribuição do sinal a muita gente, mas para que mexer no que está dando lucro com um serviço porcaria que é, e com a Globo e Bandeirantes torcendo que isso nao aconteça, para que as pessoas não desviem os olhos da televisão e conheçendo o mundo da net tão abrangente como é…

    O Interesse aqui não é só como levar, se vai ser subsidiado ou não, até porque se for subsidiado para que os pequenos provedores entre no mercado levando ao menos esses 512kbps a todos, estraria satisfeitissimo, porque sabemos bem para onde vai o dinheiro dos nossos impostos, e sem demagogia nenhuma, dinheiro desviado pro bolsos desses cretinos governantes, que ele seja mesmo revertido em uma causa maior, que é nos tirar dessa miséria de velocidade que temos de internet.

    Não sou eu que aposta contra o governo e no que isso vai dar, mas as fibras foram colocadas com dinheiro dos nossos impostos sim, bem diferente da “beleza de privatização” que o Sr Fernando Henrique, com a batuta do Sr Serra nos deixou de herança, ou seja, dinheiro publico aplicado na infraestrutura existente e dado de graça a empresas como a telefonica, que em lugar nenhum, a não ser nos locais nobres instalou sequer 1000m de fibras em nenhum lugar,pois como disse, o lucro sae do Brasil e não se investe nada aqui.

    E ainda dizem que nenhuma atitude do governo é boa???, que acendam-se as fibras com dinheiro do BNDS sim, pois se tem tanta empresa com capiltal enorme próprio e é concedido a elas por um juro ridiculo, porque não emprestar por uma causa maior, que é tirar dessa pré-história de intenet que temos…

    Obrigado pela apresentação da matéria Orlando, e que todos tenham uma Ótima Tarde.

  2. Caro Orlando, tem coisa errada sim na sua conta, pois a garantia de banda para banda larga é de apenas 10% portanto dá para atender cerca de 20 mil domicílios com 1Gbps.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *