urubu21.jpgHoje de manhã, na TV de uma sala de espera do dentista, vi trecho de uma entrevista concedida à TV Record pela mãe da menina Isabella. Confesso que esse tipo de assunto me irrita profundamente. Nas últimas semanas, praticamente todos os veículos de imprensa importantes dedicaram suas manchetes ao crime, a tal ponto que criei uma espécie de auto-defesa: assim que aparece uma chamada na TV, troco de canal; a mesma coisa no rádio; e, no jornal ou na revista, viro a página quase que instintivamente. Hoje, porém, não consegui.

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Como integrante da mídia, sinto-me constrangido e até envergonhado pela forma como temas desse tipo (e este em particular) são tratados pela imprensa em geral. Na entrevista de hoje, por exemplo, tive que ouvir o entrevistador perguntar: “Depois de tudo que aconteceu, como você está se sentindo agora”? E a resposta: “Sinceramente… (longa pausa)… Não sei”.

É a isso que a mídia de hoje chama de “entrevista”. Esmiuçar a vida íntima das pessoas, revelar detalhes macabros, bisbilhotar sobre agendas pessoais, colocar câmeras e gravadores escondidos para obter “furos” jornalísticos – vale tudo nessa verdadeira guerra de urubus em que se meteram os veículos de massa. Em parceria com aproveitadores de todo tipo (outro dia, a mãe da pobre Isabella apareceu num show da Xuxa, não foi?), a mídia espalha rapidamente suas baixarias.

Sei que alguns irão logo sacar suas teorias do tipo “é isso que o povo quer”. Pois foi esse argumento que fez (e faz) a fortuna de figuras como Silvio Santos, Xuxa, Ratinho, Gugu, Datena e quetais. Sei que não vai adiantar nada, mas tenho uma sugestão para um novo movimento civil: vamos desligar nossas TVs toda vez que aparecer o nome “Isabella”? Já seria um bom começo…

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