E hoje fui ao evento da Syncrotape, que está reunindo em São Paulo cerca de 60 de seus revendedores para treinamentos, demonstrações e palestras (foto). É sempre bom ir a esses encontros. Primeiro, porque estamos sempre aprendendo alguma coisa; depois, para rever profissionais e empresários do setor e – de certa forma – “medir a temperatura” do mercado.

O pessoal está mesmo cismado com essa tal de crise econômica, registrando alguma queda nos negócios, o que não é normal nesta época do ano. Mas não percebi nada de desesperador. Parece que os brasileiros, depois de tantas crises, aprenderam a conviver com esse clima de incerteza e a tocar a vida da forma que é possível.

Medo, mesmo, quem está sentindo são os americanos. Alguns dos executivos estrangeiros trazidos pela Syncrotape, com quem conversei, não esconderam sua preocupação. A notícia divulgada ontem, de que a rede de lojas Circuit City (a segunda maior dos EUA) pediu concordata, ajudou a empurrar o astral ainda mais para baixo. Já comentei aqui os problemas dessa empresa, que na semana passada fechou 150 de suas cerca de 500 lojas e demitiu milhares de funcionários. Sua dívida passa de US$ 1 bilhão!!! E, ao contrário dos bancos, não há sinal de que o governo americano vá injetar dinheiro para recuperá-la.

Outra notícia ruim – e que certamente mexe com o orgulho americano – é a queda das ações da General Motors, que nesta 3a. feira chegaram ao valor mais baixo em toda a sua história: míseros 3 dólares (nos bons tempos, a GM vendia ações a US$ 80). São cada vez mais fortes os boatos de que também irá pedir concordata. Considerando que até outro dia era a maior corporação do mundo (ainda deve ser a segunda ou terceira do setor automobilístico), esse seria um golpe difícil de assimilar.

“Estamos com medo”, me disse um dos executivos americanos presentes ao evento da Syncrotape. “São muitas notícias ruins. Só nos resta agora torcer para que essa crise vá embora logo”.

Esse mesmo executivo – que não é lá muito chegado em política, tanto que nem votou para presidente – só vê como consolo o fato de que a eleição já passou (essa era uma das incertezas que rondavam os investidores). “Mas, sinceramente, não sei se a eleição de Obama vai mudar muita coisa”.

Ao ouvir isso, pensei comigo: pelo menos, eles agora têm um presidente; nós, aqui, nem isso.

1 thought on “Sob o domínio do medo

  1. A frase com que você terminou seu comentário foi excelente, Orlando, e resumiu o grito que temos preso em nossas gargantas: TEMOS PRESIDENTE? Não, não falo mais nada, não tenho nada de bom para dizer, senão você corta meu comentário!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *