Sem que fosse minha intenção, o comentário de ontem sobre Barack Obama coincidiu com o noticiário dos últimos dias sobre Lula. Vejam quanta diferença! De repente, o presidente decidiu desancar a televisão brasileira, que segundo ele é responsável “pela degradação da família”. Não sei se Lula se refere ao baixo nível da programação, ou ao uso político da televisão – o que, aliás, vem a dar no mesmo.

Mas o argumento é bom para se refletir. É difícil encontrar alguém de boa formação que goste do nível geral dos programas de TV. Mas Lula, que não é propriamente um expert no assunto, deveria cuidar de outros problemas que, a meu ver, têm muito mais ligação com a tal degradação da família brasileira. Exemplos? O tráfico de drogas, com a conivência das autoridades; o abandono de crianças na rua; a violência urbana, que já atinge até as escolas; o mensalão e seus derivados; o estado calamitoso das estradas; o caos e a corrupção no sistema de saúde; a pornográfica carga tributária; o loteamento de cargos públicos para amigos e apadrinhados… Precisa mais?

Nosso presidente não tem como interferir na programação das emissoras, a menos que voltemos aos tempos da censura pura e simples. Já quanto aos outros problemas citados, tem não apenas os meios, mas a obrigação de interferir para corrigi-los. Ou será que, em vez disso, ele quer ficar vendo TV?

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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