A polêmica sobre o teste comparativo entre TV de plasma e TV de LED continua intensa. Comentários muito interessantes dos leitores, enviados nos últimos dias, comprovam duas coisas: o assunto é realmente controvertido; e o pessoal aqui está bem atento. Ótimo. Como o post original já saiu há duas semanas (lá está também o que os leitores acharam), retomo agora a conversa para detalhar um pouco melhor os critérios do teste e discutir a importância desse tipo de avaliação.

Como bem lembrou o leitor Raul Neto, testes publicados em revistas e sites especializados são muito importantes por servirem de referência ao consumidor. Ajudam a entender determinados recursos – que às vezes são vendidos pelos fabricantes como a oitava maravilha do mundo – e podem direcionar melhor a decisão de compra. Mas jamais – repito: jamais – devem ser tomados como “a última palavra”. Isso, aliás, vale não só para aparelhos eletrônicos, mas também carros, vinhos, pacotes de viagem etc. Sempre desconfiei das palavras dos “sábios” que se propõem a dar o veredito sobre este ou aquele produto. E por um bom motivo: aquilo que é bom para mim pode não ser para você. É simples assim.

Os chamados “testes subjetivos” publicados em algumas revistas, no Brasil e no Exterior, têm esse defeito de nascença: é apenas a opinião de uma pessoa, que na análise utilizou critérios muito pessoais e que pode – por um motivo qualquer – não gostar de determinada marca. Normalmente, esse analista nunca deixa claras para o leitor suas preferências pessoais e/ou eventuais idiosincrasias. Sei de casos em que o autor se desentendeu com um fabricante e decidiu fazer o teste para “queimar” o produto, por vingança. Outros recebem o aparelho para avaliação e gostam tanto que, além de escrever bem sobre ele, ainda “se esquecem” de devolvê-lo! Sem falar nos editores que são sócios de fabricantes e/ou distribuidores e que, portanto, têm interesse em falar bem de um produto e mal de outro. Nessa praia, infelizmente, já vi de tudo – e não estou falando apenas do Brasil.

Para os caros leitores que nos honram com uma assinatura da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL, sempre lembramos que nossos testes são feitos em equipe, justamente para evitar as tais “preferências pessoais”. Isso, porém, não significa que sejamos infalíveis. Já cometemos erros de avaliação, em mais de dez anos fazendo esse tipo de trabalho. Mas aprendemos que boa parte dos leitores – às vezes até por um certo comodismo – quer simplesmente abrir sua revista e ler conselhos do tipo: “Compre isto”, ou “Não compre aquilo”. Ou algo como: “Este é o melhor”, ou “Este é o pior”.

É compreensível querer esse tipo de opinião, mas não é o correto. Até porque, no caso de um TV (para ficarmos no exemplo do teste comentado), o conceito que se convencionou chamar “qualidade de imagem” é quase abstrato. Todos os grandes fabricantes compram componentes dos mesmos fornecedores (hoje chineses, a maioria), variando apenas o design e um ou outro recurso. Como ensina o mestre do assunto, Paulo Sergio Correia, são muitas as variáveis envolvidas, e alguém pode achar que o item mais importante seja, digamos, o contraste; enquanto outro dá mais valor às cores. E por aí vai…

No já famoso caso LED vs. Plasma, tenho a sensação de que muitos fãs do plasma esperavam conclusões mais taxativas, acreditando que essa tecnologia é “infinitamente melhor” – o que, obviamente, não é verdade e não foi o que constatou-se na avaliação lado a lado. Muitas diferenças são sutis e provavelmente só pessoas com olhos treinados e examinando atentamente os dois produtos terão condições de perceber.

E, antes que alguém nos acuse, mais uma vez, de ficarmos “em cima do muro”, é bom lembrar as palavras de outro mestre, Robert Parker, tido como o mais importante crítico de vinhos do mundo: “Quem define se um vinho é bom ou não é o consumidor, no momento em que abre a garrafa, coloca-o num copo e experimenta. Essa é uma sensação íntima, única, pessoal. E insubstituível”. Humildemente, acrescento: críticas, resenhas e testes comparativos são muito importantes – desde que não sejam lidos como “a palavra final”.

E viva a polêmica!

6 thoughts on “As revistas e os testes

  1. Esse tv de Led da Samsung ainda não é páreo para as plasmas devido à forma com que estes Leds são dispostos(no entorno da tela) e que naturalmente tendem a apresentar problemas semelhantes aos back-lights fluorescentes como o vazamento de luz decorrente do fechamento irregular dos pixels de Lcd por todo o painel,problema este que terá solução somente quando a cada pixel de Lcd equivaler um Led o que parece ser o caso da Led da Sony,que ainda não tiva oportunidade de ver.A maneira como as imagens são formadas no plasma e no Lcd(ou Led) é que determinam a dificuldade desta última com vazamentos de luz e nível de preto insatisfatório.No plasma a imagem formada é sua própria fonte de luz ,como quando vemos uma foto impressa em papel,muito mais bonita com cores mais precisas e reais do que quando vemos um diapositivo ou slide(coisa antiga,não) ou mesmo um negativo de foto contra a luz pois este sofrerá com todas as falhas dessa fonte de luz que é o que acontece com o Lcd ou Lcd/Led.Então ainda teremos algum tempo antes da tecnologias se igualarem.No caso dos Oled,a imagem se forma semelhante ao plasma,por isso sua excepcional qualidade,embora ainda um sonho distante.

  2. Caro Orlando.
    Fui um dos leitores que manifestaram certa insatisfação no seu post do comparativo LED x Plasma, de 04/08. Para ilustrar o que eu disse e digo sobre as avaliações/comparações serem inconclusivas, basta levar em consideração a chamada de capa da revista: “Qual é melhor, Plasma ou LED? Comparamos lado a lado os dois tipos de tv mais avançados. VEJA QUEM GANHA ESSA BRIGA.”. Observe que o próprio texto da capa gera a expectativa de que se tenha “um vencedor”, por assim dizer. A revista frustra essa expectativa, ao se limitar a apontar e comparar características isoladamente. No final das contas, qual o melhor produto? Isso a revista não diz, mesmo que seja na avaliação pessoal de alguém e mesmo que essa conclusão seja discordante de algum ou da maioria dos leitores. Concordo totalmente com vc qdo diz que a opinião final deve ser do usuário/consumidor após criteriosa avaliação pessoal. No entanto, quando a publicação se compromete a dizer “quem ganha essa briga”, acho justo encontrarmos essa informação/conclusão dentro da revista.

  3. Olá Ricardo, obrigado por participar. Acho que você não leu o texto integral que saiu na revista. Reproduzo aqui o trecho final, que tem o título “Desempenho Geral”:
    “Na reprodução de cenas rápidas – como esportes e perseguições – os TVs de plasma são imbatíveis, por apresentar tempo de resposta de somente 0,01 milésimo de segundo. Essa especificação consiste no tempo que os pixels levam para se iluminar e apagar durante a reprodução das imagens, evitando rastros e borrões em cenas com muito movimento. Embora a Samsung não divulgue o tempo de resposta dos seus LCDs de LED, estima-se que o modelo testado possua apenas 2 milisegundos, o que é superior à maioria dos TVs disponíveis atualmente. Ou seja, ainda inferior ao do plasma.
    “Este também se destaca quando o assunto é taxa de atualização (refresh rate), que indica o número de vezes, por segundo, que uma imagem é renovada na tela. Essa especificação é importante para determinar a fidelidade da reprodução, pois a imagem é composta de quadros que se sucedem na tela. Quanto maior a taxa de atualização, mais rápida é a leitura dessa seqüência de quadros, gerando uma imagem mais natural. O plasma que avaliamos oferece taxa de 480Hz, sendo que existem modelos com 600Hz. O LED da Samsung possui taxa de renovação de 120Hz, mas já foram lançados no mercado internacional LCDs com 240Hz”.
    Ficou claro quem ganha essa briga?

  4. Caro Orlando. Sem querer prolongar a discussão, mas já o fazendo, acho que o trecho aqui reproduzido – que eu já tinha lido na revista – não deixa claro quem ganha a briga. Isso porque, curiosamente, o quadro intitulado “Desempenho Geral” restringe-se a comentar apenas dois atributos dos televisores, que são o tempo de resposta e taxa de atualização. E foi exatamente nesse quadro que eu tinha a expectativa de encontrar uma “visão geral” sobre os aparelhos e principalmente sobre suas tecnologias, o que claramente não ocorreu. De qualquer modo, não estou contestando qualquer coisa a respeito da revista e suas matérias. Estou apenas dando uma sugestão de que seja colocado uma espécie de veredito ao final dos testes e, principalmente, comparativos de equipamentos. Acho q é uma aspiração de muitos leitores, inclusive. Grande abço.

  5. Ah! Agora ficou claro. A conclusão da Revista é que o Plasma é melhor, ou seja, Plasma ganhou essa briga.

    Então faço um “copy&paste” do que vc escreveu lá em cima resumindo a sua opinião :
    “Mas aprendemos que boa parte dos leitores – às vezes até por um certo comodismo – quer simplesmente abrir sua revista e ler conselhos do tipo: “Compre isto”, ou “Não compre aquilo”. Ou algo como: “Este é o melhor”, ou “Este é o pior”.”

    Aí, então, fico sem entender mais nada…!!!!

  6. OK, pessoal, vamos tentar então ser mais claros. Faltou talvez a revista colocar em letras bem grandes: “O plasma é melhor”. Foi exatamente o que fez a Veja outro dia, ao sentenciar: “O Blu-ray não vale a pena”. Bem, não quisemos fazer isso (aliás, nunca fizemos) porque não é totalmente verdade. O LED é melhor em alguns aspectos, como mostra o nosso teste. Infelizmente, no Brasil é assim: quando se diz que uma coisa é melhor do que outra, as pessoas entendem que esta outra é péssima!!! Com certeza não é este o caso. Exatamente por isso, temos que tomar muito cuidado com o que escrevemos. Tenho certeza de que para vocês, como bons entendedores que são, essas palavras bastam. Se não, tudo bem. Vamos continuar aprendendo com os leitores e tentar fazer melhor da próxima vez. Abs a todos e obrigado. Continuem participando.

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