Leio no site Tela Viva que a SET (Sociedade de Engenharia de Televisão), entidade que reúne profissionais ligados à produção e transmissão de TV no Brasil, está formando um grupo de trabalho para analisar uma das mais antigas queixas dos telespectadores: a diferença de volume de áudio entre as emissoras, entre programas de uma mesma emissora e (o mais freqüente) entre programas e intervalos comerciais. Segundo a presidente da SET, Liliana Naconechnyj, que é diretora da TV Globo, quando as transmissões eram analógicas não havia como resolver esse problema; agora, na era digital, é mais fácil. Diz ela que a percepção do telespectador acentua ainda mais as diferenças de volume: quando se está vendo uma cena de filme sem muito barulho e entra um anúncio, a sensação é de que o áudio do comercial está muito mais alto.
Eis aí uma preocupação mais do que válida dos engenheiros de televisão. Com a multiplicação dos canais pagos, o problema ficou mais visível (ou audível). Zapear passou a ser tarefa indigesta, dada a diferença de volume entre uma emissora e outra, o que não tem lógica, já que todos os sinais partem da mesma operadora, e esta, supostamente, possui equalizadores. A hora do intervalo realmente é, como se dizia tempos atrás, sujeita a chuvas e trovoadas: você pode não ouvir quase nada, como pode também levar um susto com o som alto. Nos canais de filmes, há um agravante: dependendo do filme, tem-se o som original – às vezes de 40 ou 50 anos atrás – que parece nem ter passado por qualquer remasterização ou restauração. Sem falar nas diferenças entre TV aberta e fechada: com exceção da Globo e, às vezes, da Record, as emissoras abertas são uma lástima em matéria de áudio.
Enfim, esse grupo de trabalho deverá ter mesmo muito trabalho. Torço para que tenham sucesso.
Caro Orlando,
Eu escrevi uma coluna no Webinsider, seu concorrente, falando sobre isso. E acho que, já que a bobagem de escolher o AAC foi feita, o mínimo que os conversores poderiam ter seria passar o áudo para outro codec, mas nenhum faz isso, e pelo que eu sei, vai fazer tão cedo.
As emissoras, por seu lado, não se esforçam com áudio desde a época do MTS, e segundo um amigo meu que trabalha no ramo, está criando internamente muita resistência à mixagem de 5.1, alegando dificuldades de qualquer sorte.
Se pelo menos as emissoras acertassem o áudio mais básico, eu me daria por satisfeito. O espectador deve ter direito a assistir programas, como filmes, sem a maldita dublagem.
E enquanto eles não fazem isso, as operadoras fazem. Na minha casa, eu já tenho o decodificador de uma delas, com HD e Dolby 5.1.
possuo uma assinatura da sky. o meu decoder é dolby digital 5.l. Sempre assisti meus filmes neste formato de áudio e de uma hora para outra a operadora me tirou este tipo de áudio para colocar só para quem tem sky hd. liguei para lá e me disseram que o meu decoder esta com defeito, o que não é verdade.
Caros,
O áudio do SBTVD é o sistema HE-AAC,
atualmente parte das tecnologias Dolby. Este stream de áudio inclui metadados (ou seja,
dados sobre o áudio que são utilizados pelo
decoder para estabelecer os parámetros de decodificação)e um deles, o “dialnorm” serve exatamente para resolver essa questão irritante. O sistema está em fase de implementação e os operadores estão aprendendo a utilizar. Levará um tempinho até ter todas as emissoras aproveitando esta caraterística.
Abraço,
Carlos Klachquin
Dolby Laboratories Inc.
PS : Meus parabéns Orlando pela qualidade do
seu blog.
Prezado Carlos, obrigado pelo esclarecimento. Tenho certeza que poucos sabiam disso. Abs. Orlando
A minha opinão é que as produtoras de comerciais, pequenas produtoras que hoje são inúmeras, não tem o mínimo cuidado em equalizar corretamente o áudio. Fazem questão de estourarem os níveis, acham que quanto mais alto gritarem mais serão ouvidos. As que conheço aquí no ES não conheço uma que se preocupe com o nível de áudio durante a produção. É triste o descaso com o padrão técnico. Isto somado com efeito Loudness torna-se doloroso aos nosos ouvidos. Principalmente se estamos assistindo TV no nosso quarto à noite.
Carlos Hudson
Olá! Alguém poderia me indicar livros, sites, enfim, qualquer meio que tenha áudio para tv. Gostaria de saber mais. Sou formado em produção fonográfica pela Anhembi Morumbi , mas nesse curso não teve uma matéria que abordou esse assunto, com suas especificidades.
Obrigado
Sou editor de imagens de uma TV de BH. Aqui enfrentamos este problema diariamente.
Posso afirmar com convicção que nenhuma dessas produtoras tem preocupação com o padrão de áudio. Sabemos que existe um padrão de normatização de áudio que varia em torno de -12dB máximo e -30dB mínimo. Pelo menos é o que tramita em comum no meio da classe dos editores de imagens, VT, etc. Quem tiver mais conhecimento técnico a respeito, favor complementar. Acontece é que as “benditas”produtoras, muitas dessas famosas, que produzem comerciais para o Governo, para grandes empresas e artistas, chegam a enviar áudios em torno de 0db. É o que popularmente chamamos de “estourado” ou “rachando”.
Pasmem, eles mandam mesmo! Se a emissora de TV não tiver um profissional específico para regular estes áudios, ou se a emissora não tem esta preocupação,(que não deveria ter mesmo) eles passam despercebidos! Aí é o que acontece na maioria das vezes, o telespectador dá um pulo no sofá quando entra o comercial. Ofendendo aos seus “sensíveis ouvidos”.
Um editor contratado de um canal TV específico, por questões normativas da profissão, não pode regular e nem responder por áudios de materiais externos como comerciais, por exemplo. Visto que o nome dele não aparece nos créditos da peça em questão. A não ser que tenha sido ele quem produziu internamente, ou externamente este material. E parece que eles também sabem disso e não dão a mínima, pois em comerciais também não aparece para o telespectador quem produziu. Ou seja, parece que eles não têm medo de queimar o filme, ninguém vai saber mesmo! Terrível a gente pensar assim… mas é o que acontece na prática.
Outra informação relevante e que para as TVs é obrigatório o envio de claquete em suas peças publicitárias com informações úteis como: nome da produtora, diretor responsável, tempo do VT, anunciante, registro da ANCINE, etc. Mas esta informação é útil somente para a TV que recebeu o material. Quando a pessoa responsável por editar comerciais (que eventualmente poderá ser um editor, ou um programador dependendo do programa usado) envia o material para a grade de programação ele corta a claquete, o colorbar (barra de cores) e blacks (tempo sem imagem) eventuais que sobram no material. Mas de nenhuma forma poderá acrescentar, ou tirar, nada além daquilo que foi acordado e contratado pela emissora (Geralmente 30 segundos) incluindo o áudio. Configurando pena grave se o contrário acontecer e mal uso da profissão.
É um absurdo esta falta de compromisso das produtoras! Por isso fiz questão de esclarecer aqui. Porque as pessoas as vezes colocam toda a culpa nas TVs, que de uma certa forma também têem sua parcela de responsabilidade, mas não toda! Como já esclareci aqui. Sem contar que recebem fortunas para fazer e produzir estes materiais, que deixam impecáveis as imagens e se esquecem dos áudios, que também são muito importantes.
Bom, espero ter acrescentado à dúvida em questão.
Att;
Ninho Hespanha
Este artigo ajuda um pouco a entender estes padrões
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/volume-de-som-em-comerciais-de-tv-passa-a-ser-controlado
Valeu, meu caro. Obrigado pelos esclarecimentos. Vai ser muito útil, com certeza. Abs. Orlando