Dizem que os chamados “early adopters” – termo encontrado pelos americanos para definir as pessoas que gostam de ser as primeiras a adotar novas tecnologias – são geralmente as pessoas mais criativas. Por estarem sempre antenadas, acabam absorvendo uma tal quantidade de informação que têm resposta para (quase) tudo, baseadas no que se fala ou se publica na chamada blogosfera (outra palavra que é cria direta da internet). Li até um livro (sério) que defende a idéia de que as novas gerações, por estarem mais expostas a essas influências, tendem a se tornar mais inteligentes e capazes de tomar decisões rápidas com maior competência do que seus antecedentes. Há estudos médicos a respeito, juro!

Pois bem. Por que será, então, que se vê cada vez com mais freqüência a tradução literal de palavras estrangeiras que, em muitos casos, são pura distorção. Li outro dia em algum site ou blog: “Tweete você também esta mensagem”. O quê? “Tweete”? Ora, então não é mais “Twitter” o nome daquela rede onde você pode se comunicar com seus amigos no universo inteiro (são tantos!!!) com apenas 140 caracteres? A menos que tenham mudado o domínio, o correto seria “twit”, não? Ou, no máximo, algo como: “Twite você também esta mensagem”.

Para quem, como eu, ganha a vida tentando escrever neste maltratado idioma português, já foi um choque ter de conviver com as adaptações forçadas pelo mundo digital. Detesto usar termos como “deletar”, “plotar”, “dar um print” ou “startar” (“reiniciar” ainda vá lá, mas “reinicializar” é o fim…) A primeira vez que li o verbo “twittar”, o impacto foi de um torpedo; não o dos celulares, outra “criação” digital, mas daqueles que matam e destroem. Fiquei tentando conjugar: eu twitto, tu twittas, nós twittamos… Peraí: com um ou dois “t”? Decidi esperar que o prof. Pasquale, ou algum outro sábio do idioma pátrio, esclareça a terrível questão.

Bobagem, sei que o mundo cibernético não vai se curvar a minhas dúvidas ou vontades, mas pelo menos podiam adaptar as coisas direito. Se é para twittar, vamos twittar; “tweetar”, nem pensar!

3 thoughts on “Eu twitto, tu twittas…

  1. Orlando,

    Outro dia recebi um e-mail de um amigo a respeito de um polêmico Tweeter criado aqui no Rio de Janeiro. Tratava-se do “micro-blog” para alertar as pessoas a respeito dos locais onde estão fazendo as blitz da “lei seca”.

    Morri de rir quando ele se referiu as pessoas que estavam “tuítando” e ainda me incentivou a “tuítar” também, desse jeito. Depois lí algo, não lembro onde, a respeito de “tuítar”, escrito deste jeito.

    Em muitas empresas escutamos estas aberrações: “printar”, “downlodear”, “estartar”. E riem dos termos que adotam em Portugal e França, onde há mais respeito ao idioma pátrio.

    Abraços,

    Julio Cohen

  2. Orlando:excelente sua observação!Parece que nosso idioma está se perdendo em uma mistura de um português indefinido(demorô,meu!)com um inglês deturpado;onde isso vai chegar,ninguém sabe.Para min,”tweeter” ainda lembra um alto-falante de agudos…

  3. kkkk,Você, alem de um ótimo jornalista sobre Tècnologia, tambem tem senso de humor….

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