Voltamos hoje à nossa série sobre a escolha de um TV Full-HD, tendo em vista que muita gente deve estar pensando em comprar um nos próximos meses. Infelizmente, as dicas não estão saindo na velocidade esperada, por absoluta falta de tempo; espero que tenham paciência; e, claro, que elas sejam úteis.

Um detalhe que é muito abordado (mas pouco explicado) na mídia em geral é a questão do upscaling, também chamado upconversion. Acho que este é um dos recursos mais legais dos equipamentos atuais, desde que bem utilizado e compreendido. Na verdade, está presente também em alguns players (DVD e Blu-ray) e receivers. Consiste basicamente na manipulação do sinal de vídeo digitalizado, que permite melhorar a qualidade da imagem mesmo que a fonte original não seja tão boa. Como isso é feito? Um processador interno reconfigura a resolução do sinal, adaptando-o à resolução nativa do display. Para quem se lembra dos projetores CRT antigos, é mais ou menos o que faziam os dobradores de linha: simulavam na tela um número de linhas de resolução maior do que o original.

upscaling2Nos atuais plasmas e LCDs com circuito de upconversion, acontece a mesma coisa. Se você estiver assistindo, por exemplo, a um filme em DVD (cuja resolução é de 480p), e o TV for Full-HD (resolução 1080p), este irá aumentar a quantidade de pixels por linha. Mas lembre-se que esse é um processo artificial, utilizando softwares que podem não ser totalmente eficientes. Dependendo da qualidade do processador utilizado, o resultado final às vezes acaba sendo insatisfatório. Isso também acontece quando o sinal original é do tipo entrelaçado, como são as transmissões de televisão analógicas e também as chamadas “alta definição” (1080i). A letra “i” refere-se ao termo em inglês: interlaced, que era o processo original de leitura do sinal de vídeo. Em DVD e Blu-ray, esse processo foi substituído pelo chamado progressive, identificado pela letra “p”.

Teoricamente, o circuito de upscaling é encarregado também de “desentrelaçar” o sinal, o que é um processo complexo. Isso explica, em grande parte, por que às vezes um programa de TV que parecia ótimo num TV analógico apresenta imagem pior num plasma ou LCD. Na prática, tudo depende da qualidade do processador. Como dissemos acima, trata-se de uma manipulação artificial dos pixels. O circuito lê os pixels originais e cria artificialmente cópias deles; depois, insere esses clones entre um pixel e outro, aumentando assim a quantidade.

Mas há uma diferença entre o circuito (cujo nome técnico é scan converter) dos TVs e os utilizados em players e receivers de boa qualidade. A simples criação de mais pixels não garante que a imagem fique melhor. Se o sinal original for ruim, serão “clonados” pixels também ruins, e a imagem pode ficar pior ainda. Os defeitos originais serão simplesmente amplificados…

Nos players mais avançados, utilizam-se processadores mais eficientes, como os das marcas Faroudja e DVDO, por exemplo. Estes não recriam apenas os pixels, mas reprocessam o sinal original e o enviam para o TV já na resolução máxima (1080p). Isso tem de ser feito através de conexão própria (HDMI), aí sim resultando em qualidade de imagem superior, como na foto acima.

No caso da TV a cabo, há ainda outro complicador, que é a compressão de sinal promovida pela operadora, que trabalha com uma largura de banda limitada. Mas isso é assunto para outro tópico, nos próximos dias. Por ora, é importante ficar de olho naquilo que se vê na tela. O fato de o televisor possuir o recurso upconversion não garante, necessariamente, a qualidade das imagens. É preciso ver a eficiência do processador interno. Daí por que sempre recomendamos ver o aparelho funcionando, de preferência com imagens já conhecidas, antes de decidir a compra. Infelizmente, nem todas as lojas permitem essa análise. Mas vale a pena procurar uma realmente especializada que o faça.

Portanto, a dica é procurar para o seu TV Full-HD o “companheiro” ideal, ou seja, um bom player e/ou receiver (de preferência, ambos).

Para quem quiser se aprofundar mais no assunto, recomendo este artigo.

6 thoughts on “Como comprar um TV (5)

  1. Olá Orlando.

    Interessante esse assunto, já que nas especificações de TV’s por aí nunca vemos se o aparelho faz upscaling, e quando faz, qual é o processador (HQV, Faroudja, etc.) Seria muito útil quando a reportagem for publicada ter um indicativo desses processadores em cada TV.

    Obrigado e abraço.

  2. Prezado Orlando Barrozo, depois de mais de um ano aguardando por avanço na tecnologia, consultando e me informado sobre as diversas características e custo/benefício, só agora tomo ciência do circuito de upscaling, após adquirir o LCD Time Machine LG42LH40ED. Então, este modelo possui?
    Obrigado e abraço.

  3. Caímos nessa enrascada comprando no SHOPTIME uma TOSHIBA 42′ com conversor interno. Se for comprar este aparelho vc estará pagando a + pelo conversor interno que só pega canais abertos com “uma antena normal” e apenas alguns programas, se quizer utilizá-la nos canais a cabo terá que desembolsar mais uma “boa” grana para o conversor da NET ou TVA. E isso “ELES” não avisam e nem colocam no anúncio.CUIDADO.

  4. Orlando, precisamos agradecer os seus comentários, assim que as empresas deveriam informar os seus consumidores.
    A imagem de um televisor de LCD não depende só de uma ótima tela de cristal líquido é preciso de um ótimo processador.
    Imaginemos um corpo sem cérebro, é o mesmo que imaginarmos uma TV LCD sem um processador.

  5. Orlando, meu home esta assim montado:
    tv lcd 40′ , 720p
    blue ray sony;
    dvd com upconversion;
    receiver com upconversion;
    Portando gostaria de saber, como os equipamentos devem estar ajustados para melhor aproveitamento do recurso.

  6. Importante esclarecer que todo televisor LCD e plasma, HD ou Full, faz upconversion. Isso ocorre sempre que o aparelho recebe um sinal com resolução menor que a sua resolução nativa. Ou seja, um TV que recebe o sinal de um DVD, cuja resolução é de 640×480 pixels, precisa obrigatoriamente fazer o upscale para os seus 1024×768, ou 1366×768, ou 1920×1080 pixels, de modo a preencher toda a sua tela. O que muda ao ligar um DVD Player com upscaling ao televisor, é que, em vez de o processador do TV fazer esse trabalho, é o processador do player que o fará. E neste ponto é que entra a questão da qualidade do processador. Eu, por exemplo, tive uma experiência interessante. Tenho um plasma Panasonic cuja resolução nativa é 1024×768. Adquiri um DVD player Sony com upscaling. Fazendo alguns testes, conclui que o melhor resultado é obtido com o upscaling promovido pelo próprio televisor. Deixo a saída do player em 480p (nativo do DVD) e o TV o ajusta para 1024×768. Neste caso, acho que a maior vantagem do player com upscaling é ter a saída HDMI, permitindo que o sinal digital chegue diretamente ao TV. Seria muito mais precário fazer o upscaling de um sinal analógico. É muito provável que, se eu utilizasse um player ou receiver Hi-end, eu obtivesse melhor resultado com o processamento desses equipamentos.

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