Já disse aqui várias vezes que é preciso cuidado com o que se lê. Infelizmente, nem todos os jornalistas levam a sério essa regra básica da profissão. Errar, é claro, todo mundo erra. Mas, no caso que vou comentar, parece que há algo mais.
Acessem, por favor, o site Digital TV, escrito em inglês. Neste link, eles comentam sobre a “decisão” da UIT (União Interncional de Telecomunicações, “I.T.U.”, na sigla em inglês) de reconhecer o padrão brasileiro de TV Digital e “recomendá-lo” como padrão internacional. Espalharam a notícia por aí, via press-releases, e vários jornais e sites a republicaram sem checar. Coloco as aspas de propósito, porque visitando o site da UIT não encontrei nada desses termos. A entidade simplesmente menciona que o padrão SBTVD foi adotado por outros países sul-americanos. Nada mais. Será que procurei errado?
Como se sabe, a TV Digital é um negócio de bilhões. O governo brasileiro, de comum acordo com as emissoras, assumiu a tarefa de lutar politicamente para promover o SBTVD em todo o mundo, porque quanto mais países o adotarem mais as empresas brasileiras ganharão – sim, há a conversa de que os preços dos aparelhos para o consumidor serão mais baixos, mas isso é algo para se conferir mais à frente. A UIT precisa homologar – esta é a palavra – o padrão nipo-brasileiro, como fez no passado com os padrões americano, europeu e japonês. Isso ainda não aconteceu.
Portanto, tudo é muito simples. O Brasil tem todo o direito de brigar por seu padrão, assim como fazem os EUA (com o ATSC) e a Comunidade Européia (com o DVB-T). Faz parte do jogo. Mas isso nada tem a ver com manifestações de ufanismo, como algumas abobrinhas escritas (aliás, em péssimo inglês) no tal blog Digital TV. Ou como esta pérola, do jornalista Luis Nassif:
“O Brasil que deixa de ser o ´país do futuro´ para se tornar o ´país do presente´, não está apenas em conquistas como as Olimpíadas e o pré-sal. O empenho e a dedicação da engenharia e da academia brasileiras – hoje congregadas no Módulo Técnico do Fórum SBTVD – em prol melhor (sic) do padrão de TV digital, acaba de receber o aval da União Internacional de Telecomunicações–UIT (órgão de padronização e regulamentação em telecomunicações ligado à ONU)”.
Francamente, parece coisa escrita por um assessor dos antigos governos militares. Pensei que esse papo de “pais do futuro” já tinha acabado…
Orlando, corrige ai, “sem” com S mesmo, não CEM…
Belíssima observação,Orlando!Já tem gente dizendo até que o novo modêlo de tomadas brasileiro irá se tornar o “padrão mundial”(!???????).Isso é que é ufanismo,e resultante do “padrão de honestidade”(e humildade) dos brasileiros.
Pois é, Mister X, a gente critica o que os outros escrevem e se esquece de conferir o que a gente mesmo escreveu… Desculpe a distração. Orlando
Eu estou surpreso com esta bobagem dita pelo Luis Nassif, que se apressou em falar isso sem um mínimo de pesquisa no assunto.
Mas este país já teve Jean Manson empurrando propaganda da ditadura, nos tempos dos cinejornais, what else is new?
O Brasil pode empurrar o padrão que quiser, que os fabricantes de receivers continuarão a construir equipamentos sem decodificador AAC, por um longo período de tempo, e mesmo que assim o fizessem, o conteúdo sonoro das TV’s aberta é fraquíssimo, então o esforço é para quase nada”
No Brasil tudo é lindo e perfeito…… na teoria, claro!
Na prática tv digital é só propaganda por que quando um estado entrasse para ser digital TODAS as emissoras deveriam estar trasmitindo , o que só a globo e sbt fazem aqui em recife. RIDÍCULO! nem comprei nem vou comprar o decoder.
Somente falta o Genoíno e o Zé Dirceu dizer que o padrão brasileiro é bom porque é igual ao de Cuba