modern_4_GComentei tempos atrás sobre o fechamento da Tower Records, que chegou a ser a maior rede de lojas de discos do mundo. Depois, mencionei também o fim da Nuvem Nove, em São Paulo, derrotada pelos downloads da vida. Agora, fico sabendo, através da Folha de S.Paulo, da ameaça que paira sobre a Modern Sound, do Rio de Janeiro, que se não é a maior é a mais influente e duradoura do gênero no País. Lamentável.

Segundo o jornal, a empresa acumula R$ 3,3 milhões em dívidas e depende de um acordo com os credores para poder continuar aberta. O fundador, Pedro Passos, e seu filho Pedro Otavio acumularam um acervo que seria impressionante mesmo que a loja se localizasse em Nova York ou Londres: 80 mil CDs, 30 mil LPs e 4 mil DVDs! Conheci a Modern Sound somente nos anos 90 (foi fundada em 1966), e fiquei admirado com a qualidade e variedade de suas prateleiras. Verdadeiro êxtase para quem curte música e filmes.

Desejo sinceramente que os Pedros (pai e filho) consigam sair dessa; e confesso que, se pudesse, ajudaria. O Brasil ficaria mais pobre sem a Modern Sound. Leiam, a propósito, o artigo de Ruy Castro publicado na Folha.

3 thoughts on “Um paraíso ameaçado

  1. Caro Orlando,

    É realmente lamentável. Sou cliente da Modern Sound deste quando comecei a comprar meus próprios discos e, além de seu acervo belíssimo, sempre contamos com vendedores que realmente conhecem de música.

    Em meados dos anos 80 conheci a loja e, anos depois fui trabalhar ali perto, na mesma avenida onde ela fica. Tive até uma “conta” na loja e confesso que me enrolei pelos excessos que tal facilidade me proporcionava. Mas tudo por uma boa causa, claro…

    Depois vi a Modern Sound crescer, aumentaram seu espaço físico, instalaram um café e um espaço simpático para shows. Estes, alías, são atração a parte, já que o lugar respira música, cultura e é muito agradável.

    Pelo menos para mim, o motivo para reduzir a quantidade de visitas a Modern Sound foi a boa disponibilidade de discos a venda online. Além de chegarem antes, costumam custar bem menos. Junte isso ao MP3 e o cenário realmente fica complicado para a MS. Espero que o Pedro e seu filho consigam encontrar uma saída.

    Abs,

    Julio Cohen

  2. E a Modern Sound não é só boa de acervos. Vários bons e execelentes artistas já passaram por lá se apresentando na sala “Allegro”. Esta sala caracteriza-se pela excelente acústica. Acho que no site tem algumas fotos da mesma. Como se não bastasse, em alguns dias da semana você pode tomar um café ouvindo um trio de jazz tocando ao vivo.
    Mas para os que, como eu, quiserem aliar o execelente acervo com áudio de qualidade, pode visitar a parte de baixo da loja, onde (pelo menos na última vez que fui lá) você verá e poderá também experimentar vários equipamentos hi-fi e hi-end. Dá pra fazer o que pouquíssimas lojas estão dispostas a fazer, que é fazer audição de vários modelos de fones de ouvido, antes de levar.
    Lembro-me da disposição exata dos equipamentos e por isso, assim que você desce as escadas e vira à esquerda, dá de cara com um amplificador Mcintosh com aqueles dois VUs na cor azul.
    A loja estimula não só o contato com o que há de melhor em cultura audiovisual, bem como o contato humano na hora de degustar esse “melhor”. Nas mesas do café, discute-se, bate-se as mãos na mesa acompanhando o trio, dá-se risadas, conta-se histórias, enfim, vive-se!
    Fico pensando no que nos transformaremos daqui um tempo: seres escondidos numa sala escura, sozinhos, lendo e-readers, fazendo downloads de arquivos flac (ou superior, tentado manter pelo menos qualidade no nível de cd), tomando um café frio e discutindo gostos com os dedos num teclado (ou dispositivo superior) ao invés de usar a boca, o calor humano, a interação.
    Sou amante de avanços, principalmente na tecnologia, mas não sabia que nosso fim seria assim.

  3. Caros, como “devorador de CDs e LPs” desde a minha infância, posso citar além do pequeno corredor da Modern Sound na rua Barata Ribeiro no Rio em Copacabana (onde tinha até os 45rpm), cito na ordem, a Eletro Arte (Rua Augusta, anos 1960), HiFi, Museu do Disco, Musical Box, e finalmente a simpática Nuvem Nove. Vale lembrar que algumas lojas menores ainda sobrevivem em certas cidades da Europa. Choradeira a parte, eu entendo que a quantidade em substituição da qualidade tem matado muitos modelos de negócios (pensando the long tail?). Sem ser banal, não vejo nada de errado na mídia física conviver ao lado do download. é uma briga difícil, sem dúvida, mas creio que com criatividade e boa vontade dos “majors” se pode avançar para que artistas e comerciantes possam lucrar com outros formatos. Afinal quem toparia dizer que a tecnologia é bem utilizada para valorizar e criar novos formatos e modelos em música e cinema? Prefiro acreditar que tempos melhores estão para vir para compartilhar o prazer da arte (o dito calor humano) em novos modelos e outros equilíbrios financeiros. Certa vez um amigo me sugeriu que as novas salas de cinema seriam bem menores e que o bilheteiro seria um cinéfilo…por que não? Que tal nesta linha pensar numa loja de discos (ou download pago com impressão de alta qualidade) onde com um bom café trocaríamos informações em vídeo conferência com vendedores/amigos espalhados pelo mundo? Estou viajando…

    Sami

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