No pequeno grande mundo da tecnologia, vejo que toda a mídia fala em 3D como se fosse algo palpável, prestes a bater em nossas portas. Mais uma vez, comenta-se sobre o futuro como se já fizesse parte do presente. Assisti a pelo menos dez demonstrações de 3D em Las Vegas, e conversei com vários representantes da indústria sobre o assunto nos últimos meses. Minha conclusão é que, por mais que seja atraente, a tecnologia 3D ainda tem um bom caminho pela frente, até chegar aos nossos lares.
Quatro fabricantes prometem lançar TVs compatíveis este ano no mercado americano (Sony, Panasonic, LG e Samsung); fala-se, até, que a Samsung lança no Brasil em abril. Só que nenhum deles sabe como. Explica-se: a indústria ainda não definiu um padrão técnico para o 3D, e sem isso não há como se arriscar nessa caríssima praia. Existem monitores capazes de reproduzir imagens pré-gravadas em 3D, mas isso depende de como esses sinais serão codificados, o que por sua vez depende da tal padronização. Pelo mesmo motivo, não há como prever quando as emissoras poderão transmitir programas em 3D. O que acontecerá na Copa da África do Sul, segundo a Sony, é uma experiência, baseada no know-how da empresa, que é patrocinadora oficial do evento e, portanto, terá esse privilégio. Mas dificilmente teremos até lá um padrão oficialmente estebelecido. Ou seja, ninguém poderá assistir a essas transmissões.
Minto. Alguns poderão. As transmissões serão feitas em circuito fechado, para locais determinados, onde serão montados equipamentos de reprodução. É o que planeja, por exemplo, a TV Globo no Brasil – como já foi feito, aliás, com a TV Digital na Copa de 2006, lembram-se? Ninguém tinha em casa o equipamento de recepção, mas alguns puderam assistir a determinados jogos em locais especialmente preparados.
De qualquer forma, 3D é uma realidade. Vimos na CES demonstrações de duas empresas – a japonesa JVC e a chinesa TCL – com displays que não exigem o uso de óculos polarizados. Um primor, desde que você fique bem de frente para a tela. Essa tecnologia exige a construção de displays mais sofisticados, que consigam fazer artificialmente aquilo que o olho humano faz naturalmente: interpretar os sinais em profundidade, sem misturar as imagens. Isso custa caro, o que motivou, por exemplo, a Philips a abandonar o desenvolvimento. Se JVC e TCL conseguirem, será uma façanha.
Para o usuário, a alternativa mais viável parece ser a dos displays que conseguem converter imagens 2D em 3D. Um conjunto de lentes acoplado a um circuito eletrônico “cria” uma terceira imagem, que é sobreposta às outras duas, gerando a famosa ilusão de óptica responsável pelo efeito. Toshiba, LG e Panasonic, entre outras, mostraram aparelhos desse tipo em Las Vegas. Mas o resultado não se compara à verdadeira imagem 3D.
SEria viavel pensar em ter uma TV 3D no meu showroom, ou ainda é muito cedo?
abçs,
LUiz Claudio
Olá Luiz Claudio, você pode importar um TV 3D dos EUA, por exemplo. O problema é conseguir conteúdo 3D para exibir aqui. Abs. Orlando