Aos poucos, a mudança de padrão elétrico proposta pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – que teoricamente entrou em vigor no primeiro dia do ano – vai ganhando ares de novela. E pior: com cenas típicas do velho jeitinho brasileiro! Já começam a surgir contestações à medida, o que era mesmo de se esperar. Esta semana, o Ministério Público do Paraná abriu ação civil pública contra a União, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e a própria ABNT, pedindo que todo o processo de implantação dos novos plugues e tomadas seja interrompido.

Os argumentos são aqueles que a maior parte dos especialistas (e nós aqui também) têm detalhado: não há razão plausível para o Brasil adotar um padrão único no mundo, exigindo gastos e dores de cabeça de toda a população; e não houve – como seria elementar – uma campanha de esclarecimento adequada sobre a mudança, ainda que esta venha sendo preparada desde 2002. Embora o Inmetro argumente que “toda a indústria” pedia o novo padrão, é difícil encontrar alguém, entre os fabricantes, que concorde com ele. Temos procurado insistentemente vários deles, e a resposta é sempre a mesma: vamos nos adaptar à legislação. Em off, a maioria admite que nem sabe como fazer isso e não foi consultada a respeito.

No dia-a-dia, a solução encontrada pela maioria dos usuários é usar um adaptador (como o da foto), provavelmente um dos acessórios mais procurados no comércio atualmente. Existem dois tipos: um para quem tem a tomada antiga e precisa instalar um aparelho com plugue novo, e outro para quem já trocou de tomada mas não seus aparelhos. Outro dia, ouvi entrevista de um diretor do Inmetro com esta pérola de argumento: o Brasil não poderia ter adotado, por exemplo, o padrão americano ou o alemão (este considerado o melhor do mundo) porque isso significaria “dependência tecnológica”. Parece discurso de político comunista contra o “capitalismo selvagem”, coisa típica dos anos 60. É esse tipo de gente que dirige os órgãos técnicos no Brasil? (a entrevista pode ser ouvida aqui).

Ao que eu saiba, ninguém se lembrou de consultar, por exemplo, os consumidores – embora o tal diretor relate que já houve “milhares de acidentes, inclusive com mortes” devido aos plugues e tomadas atuais. Nem, muito menos, os importadores de equipamentos eletrônicos, cuja única saída, aparentemente, é oferecer aos seus clientes, talvez como brinde, o tal adaptador.

E vejam que situação surreal: em minha última viagem, comprei um adaptador elétrico universal, que pode ser usado em qualquer tipo de tomada. Só não posso usá-lo em meu próprio país.

51 thoughts on “A novela do novo plugue elétrico

  1. Em meus equipamentos percebi ser uma tomada ruim porque frequentemente da mau contato devido a pouca área de contato metálico que ela possui na ponta , o ideal seria o padrão alemão, não ha nada demais em adotar um padrão melhor do que o nosso , já que é pra ter tanto transtorno com essa troca , no passado adotamos o sistema de transmissão pal-m que foi inventado pelos alemães e tivemos sorte porque era melhor do que o ntsc adotado pelo resto do mundo , mas eles tinham motivo para não adota-lo porque teriam que jogar fora milhões de televisores , já o brasil iria começar na era televisiva , longe de qualquer ideologia o que importa é deixar o orgulho de lado e adotar o que é melhor.

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