Não saiu em qualquer jornal, mas no prestigiado The Wall Street Journal: até a noite de terça-feira, véspera do lançamento do iPad, executivos da Apple ainda negociavam com representantes das maiores editoras americanas quanto cada um vai levar nessa história. Todo mundo sabe que um dos objetivos da Apple com o iPad é derrubar o Kindle, da Amazon, que já vendeu, segundo a empresa, mais de 2 milhões de unidades – um sucesso absoluto! As editoras, que vêm sendo espremidas até o pescoço pela Amazon, tendo que aceitar suas condições para poder vender livros, jornais e revistas a usuários do Kindle, perceberam que a Apple pode ser uma aliada neste momento.
A proposta da Apple parece mais vantajosa que os termos propostos até então pela Amazon. As editoras poderiam fixar três faixas de preço para seus livros: 9.99, 12.99 e 14.99 dólares; e ficariam com 70% das receitas obtidas via iPad. A Amazon impede que elas determinem os preços, embora pague mais (média de 50%) sobre o valor de capa da edição imprensa. Fixando o preço da edição digital em US$ 9.99, a Amazon acaba subsidiando parte do custo, o que pode ser bom para o usuário mas, no entender das editoras, desvaloriza os produtos, tornando o negócio arriscado a médio prazo.
Essa discussão ainda vai longe, até porque algumas editoras têm tanto medo da Amazon – maior varejista de livros do mundo – que sequer apareceram na reunião convocada pela Apple. Com mais de 200 mil títulos em catálogo, a Amazon exerce um poder de pressão que não se pode desprezar. Por sua vez, a Apple pode alavancar as vendas de e-books atraindo usuários de seus demais produtos, raciocinam alguns editores. Eu, particularmente, acho difícil: a geração iPod e iPhone não parece ter o perfil de leitores de livros.
Outro detalhe curioso nessa história é que os editores de jornais e revistas ficaram de fora da negociação com a Apple, por enquanto. Mas estão todos se preparando para um dia, quem sabe, ver seus conteúdos nas telinhas do iPad, do iPhone etc. Não custa sonhar.